Publicado em: 13/11/2024 às 10:00hs
Nos últimos tempos, o Estado de Mato Grosso tem atraído atenção devido ao número crescente de propriedades rurais anunciadas à venda. Esse movimento está sinalizando um aumento na oferta de terras, especialmente nas áreas tradicionalmente dedicadas à pecuária de corte, e evidencia mudanças no mercado imobiliário rural da região. O fenômeno foi identificado pelo portal especializado Chaozão, que realiza levantamentos sobre a comercialização de imóveis rurais.
De acordo com a pesquisa realizada pela agrotech, diversos municípios do Estado estão com uma alta taxa de ofertas de propriedades. Um exemplo notável é o município de Cocalinho, que possui 16.538,832 km² e tem 30% de seu território disponível para compra na plataforma. As fazendas da região são, em sua maioria, voltadas à pecuária de corte. Em Primavera do Leste, 23% do território de 5.472,207 km² está à venda, enquanto em Paranatinga, 13% de 24.177,568 km² também está disponível para novos proprietários. As fazendas em Paranatinga possuem aptidão tanto para pecuária quanto para lavouras.
A engenheira agrônoma Renata Apolinário, Diretora Operacional do Chaozão e responsável pela pesquisa, explica que este movimento de venda está vinculado a várias mudanças na dinâmica do mercado de terras do Estado, incluindo transformações nos tipos e formas de exploração agropecuária, sucessões familiares e até mesmo fatores relacionados à "saúde" das propriedades rurais. Ela destaca que as características do solo, a regularidade das chuvas, a aptidão da terra e questões ambientais têm um grande impacto sobre a utilização dessas propriedades. "Mato Grosso possui uma grande diversidade de solos e perfis de exploração agropecuária, com regiões altamente produtivas e outras com terrenos mais áridos e pouco estruturados", afirmou Apolinário.
Adicionalmente, no Pantanal, a compra e venda de terras é limitada a moradores locais que já conhecem os sistemas de manejo específicos da região. A crescente pressão por aumento de produtividade e a competitividade no mercado têm levado à venda de terras de pastagem degradada ou mal manejada. Pequenos e médios pecuaristas, que não conseguem competir com grandes investidores ou preferem diversificar suas propriedades para outros fins, acabam oferecendo essas terras no mercado.
Outro fator que impulsiona a venda de terras é a expansão da agricultura, especialmente a produção de grãos, em áreas anteriormente voltadas apenas à pecuária. "Proprietários que possuem terras com menor capacidade de suporte animal e que geram baixo retorno financeiro preferem vendê-las a investir na recuperação", explicou Rostyner Pereira Costa, especialista em pecuária.
A demanda por terras, por sua vez, tem se tornado mais seletiva. Investidores estão cada vez mais assessorados na escolha das propriedades, analisando cuidadosamente fatores como tipo de solo, clima, benfeitorias e logística, além do potencial de valorização do imóvel. "Os compradores procuram terras com solo saudável, com boa disponibilidade de água, aptidão bem estruturada e com alto potencial produtivo", alerta Apolinário.
Por fim, o especialista Rostyner Pereira Costa destaca a questão da sucessão no agronegócio e a reestruturação financeira necessária para muitos produtores, o que intensifica a venda de propriedades. Ele também menciona que, em um cenário de alta taxa de juros e incertezas econômicas e políticas, muitos investidores têm optado por retirar seu capital do Brasil. "As terras de pecuária com qualidade inferior são as primeiras a serem negociadas", conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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