Análise de Mercado

Mundo deve enfrentar escassez de vinhos

Estudo do banco Morgan Stanley mostra que 300 milhões de caixas de vinho deveriam ter sido produzidas a mais em 2012 para atender a demanda global


Publicado em: 04/11/2013 às 19:30hs

Mundo deve enfrentar escassez de vinhos

Esta notícia é para preocupar os apreciadores de um bom vinho. Pois um estudo conduzido pelo departamento de pesquisa do banco internacional Morgan Stanley diz que o mundo está enfrentando uma escassez da bebida, explicada pelo aumento da demanda e queda na produção global. Este seria o maior déficit registrado nos 40 anos em que são feitas essas medições.

Para os autores do estudo, os australianos Tom Kierath e Crystal Wang, o consumo mundial de vinho tem crescido consistentemente desde 1996 – com exceção de uma queda em 2008 e 2009, no auge da crise econômica mundial – e atualmente está em cerca de 3 bilhões de caixas por ano. Para efeito de comparação, a produção total está estimada em 2,8 bilhões de caixas.

Os especialistas atribuem a queda na produção às condições climáticas desfavoráveis na Europa e pela prática do “arrachage”, como é chamada em francês a prática de arrancar parte das vinícolas, para evitar a superprodução e o achatamento de preços.

A produção de vinhos na Europa caiu cerca de 10% no ano passado e 25% desde 2004, quando houve um pico. Ao mesmo tempo, a produção de vinho no chamado “novo mundo” – Estados Unidos, Austrália, Argentina, Chile, África do Sul e Nova Zelândia – vem crescendo continuadamente, aproveitando a demanda crescente. Esses países respondem hoje por cerca de 30% das exportações globais; nos anos 1980 não chegavam a 3%. “Com o cenário de aperto na Europa, os maiores exportadores do novo mundo devem se beneficiar com a demanda crescente dos mercados de exportação”, afirmam os pesquisadores australianos.

As consequências, segundo o Morgan Stanley, são de que a queda atual na produção culminará em aumento da demanda de exportação e nos preços.

A França continua o maior mercado mundial (12% do consumo mundial), com os Estados Unidos vindo logo atrás (perto dos 12%, enquanto produzem 8%). O consumo per capita quase dobrou nos últimos 15 anos no mundo. O estudo ainda diz que os EUA, juntamente com a China – quinto maior mercado de vinhos do mundo – são vistos como os países que mais impulsionam o consumo da bebida globalmente.

Recessão e queda no consumo italiano

A recessão prolongada levou o consumo de vinho na Itália ao seu nível mais baixo desde a unificação do país, em 1861, revelou recentemente a Coldiretti, entidade formada por agricultores italianos. O PIB do país mediterrâneo deve cair 1,8% neste ano e os italianos estão tirando o vinho de sua dieta básica, o que parecia impensável.

De acordo com a Assoenologi, principal associação de enólogos da país, cada italiano deve beber 40 litros de vinho em média neste ano, número inferior aos 45 litros de 2007, antes do início da crise, e dos 110 litros que eram consumidos na década de 1970.

Com a queda do consumo interno, os italianos estão exportando mais da metade da sua produção; em 2000, as vendas externas respondiam por apenas 28%. Os principais compradores são os EUA e a Alemanha, sendo que as compras pelos chineses têm crescido.

Fonte: Sou Agro

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