Análise de Mercado

Mercado de Trigo no Sul do Brasil Segue Retraído com Custos Elevados Desestimulando Produção

Produtores enfrentam pressão de insumos caros, reduzindo incentivos à produção e mantendo o mercado em ritmo lento na região sul


Publicado em: 18/09/2025 às 11:20hs

Mercado de Trigo no Sul do Brasil Segue Retraído com Custos Elevados Desestimulando Produção

O mercado de trigo no Sul do Brasil apresenta sinais de retração, com pouca liquidez, preços pressionados pela importação e custos de produção elevados que desestimulam o cultivo, especialmente no Paraná. A situação preocupa produtores e compradores, enquanto as condições climáticas apresentam impactos pontuais, mas sem comprometer de forma significativa as lavouras.

Preços do Trigo Mantêm Mercado Travado no Sul

No Rio Grande do Sul, a disponibilidade do trigo segue limitada, refletindo a resistência de vendedores a negociar e moinhos com estoques ainda longos. No mercado interno, as indicações de preço giram em torno de R$ 1.250,00 para compras e R$ 1.300,00 para vendas, com retirada em setembro e pagamento em outubro.

Os contratos futuros também perderam força: compradores apontam R$ 1.100,00 no interior, mas os vendedores não demonstram interesse nesse patamar. Para exportação, os valores de dezembro estão em R$ 1.200,00, com desconto de 20% para trigo de ração. A oferta será ampliada com a chegada do navio ES Jasmine, prevista para 27 de setembro no porto de Rio Grande, trazendo 30 mil toneladas de trigo argentino.

Em Santa Catarina, o cenário permanece travado, sem ofertas locais efetivas. O trigo gaúcho surge como alternativa, tanto da safra velha (R$ 1.165 a R$ 1.300 FOB + ICMS) quanto da nova (R$ 1.150 a R$ 1.200), mas sem fechamento de negócios. Os preços pagos aos produtores mostraram estabilidade ou leves ajustes: Canoinhas registrou alta para R$ 75,67/saca, enquanto Xanxerê teve recuo para R$ 75,00.

No Paraná, mesmo com o dólar estável, o mercado segue retraído. Moinhos indicaram R$ 1.350,00 CIF para o trigo local, mas sem liquidez. Em Ponta Grossa, compradores ofereceram R$ 1.400,00 CIF, entrega em outubro. O trigo importado pressiona o mercado: o paraguaio é ofertado a US$ 250/260 CIF em diferentes regiões do PR e SC, enquanto o argentino nacionalizado chega a US$ 269 no Porto do PR. Os preços pagos aos produtores recuaram 1,73% na semana, para R$ 73,34/saca.

Custos Elevados e Histórico de Prejuízos Reduzem Área Cultivada no Paraná

De acordo com o 12º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, da Conab, a colheita de trigo no Paraná teve início pontual em algumas áreas, mas a maior parte das lavouras ainda se encontra nos estágios de floração e enchimento de grãos.

A área cultivada apresentou retração em relação ao ciclo anterior, resultado de sucessivas frustrações nas últimas safras e preços pagos que não atraem os produtores. A Conab destaca que o custo de produção, em contraste com a rentabilidade, aumenta a preocupação dos agricultores quanto ao retorno econômico da atividade. Além disso, o calendário do trigo impacta o início da semeadura da soja de primeira safra, influenciando o planejamento agrícola.

Durante agosto, as chuvas foram escassas e mal distribuídas, enquanto as temperaturas permaneceram baixas, especialmente nas primeiras horas do dia. A presença de orvalho ajudou a manter certo nível de umidade superficial, mas os baixos níveis de umidade do solo ainda exigem precipitações para garantir produtividade.

Apesar das geadas ocorridas neste inverno, os danos foram pontuais, já que a maioria das lavouras estava em estágios menos sensíveis ao frio, como desenvolvimento vegetativo, reduzindo os impactos sobre o potencial produtivo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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