Publicado em: 11/07/2025 às 17:00hs
A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) manifestou preocupação com a tarifa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A entidade alerta que a medida pode comprometer a competitividade das exportações brasileiras de derivados de cacau — segmento que tem se destacado pelo aumento da agregação de valor no agronegócio nacional.
Entre 2020 e 2024, os EUA representaram em média 18% do valor total exportado pelo Brasil em derivados de cacau. Em 2024, esse volume chegou a US$ 72,7 milhões, com 8,1 mil toneladas exportadas. No primeiro semestre de 2025, as importações americanas de derivados brasileiros somaram US$ 64,8 milhões, mais de 25% das exportações totais do setor no período. Esse ritmo indica que 2025 pode ser o melhor ano da série histórica, cenário que a nova tarifa ameaça diretamente.
A indústria nacional de cacau já enfrenta dificuldades como quebras sucessivas de safra, restrição na oferta de amêndoa e preços internacionais elevados. Em 2025, a moagem de cacau registra queda significativa, fazendo das exportações de derivados um importante suporte para a manutenção da atividade industrial e da geração de empregos nas regiões produtoras.
Além do impacto comercial, a tarifa de 50% impõe riscos fiscais e operacionais. O setor utiliza o regime de Drawback, que suspende tributos na importação de insumos destinados à exportação. Caso a tarifa inviabilize economicamente os contratos, empresas podem enfrentar multas, exigência de recolhimento de tributos suspensos e insegurança jurídica, comprometendo a estabilidade das operações.
“A imposição dessa tarifa representa um risco não apenas econômico, mas também jurídico e logístico. É fundamental preservar os canais de exportação que garantem o funcionamento da indústria, a geração de empregos e a agregação de valor à produção brasileira de cacau”, destaca Anna Paula Losi, presidente-executiva da AIPC.
A entidade defende a adoção imediata de medidas diplomáticas e comerciais, com cooperação entre os governos brasileiro e norte-americano, para minimizar os impactos da tarifa e assegurar a previsibilidade nas operações comerciais.
A AIPC reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da cacauicultura brasileira e seguirá atuando de maneira técnica e colaborativa junto aos setores público e privado para proteger a competitividade do setor e a continuidade da cadeia produtiva no país.
Fonte: Portal do Agronegócio
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