Publicado em: 10/09/2014 às 10:20hs
O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), instituição ligada à FIESP – Federação das Industrias de São Paulo e à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mensura, por meio de entrevistas com produtores agropecuários, a percepção econômica em geral, do Brasil e do estado, além da condição específica do negócio, das indústrias e cooperativas que atuam nos diferentes elos da cadeia. A divulgação é trimestral, juntamente com o painel de investimentos.
Resultados
A confiança do agronegócio brasileiro apresentou forte queda de 10,9 pontos no segundo trimestre de 2014, em relação ao trimestre anterior. Medido em uma escala de 0 a 200, o índice passou de 102,7 para 91,8 pontos. Único setor que ainda resistia à onda pessimista que afeta a economia brasileira, o agronegócio saiu de uma condição neutra/otimista no 1º trimestre para pessimista no 2º trimestre de 2014.
Todos os elos da cadeia apresentaram variação negativa, especialmente aqueles relacionados a Indústria, tanto Pré (-7,8 pontos) como Pós Porteira (-19,8 pontos). O índice dos “produtores agropecuários” também recuou, mas em menor intensidade (-3,4 pontos), pois a confiança do “produtor pecuário” subiu e ajudou a amenizar a queda do índice geral.
A avaliação sobre a “economia brasileira” foi o quesito que mais pesou negativamente em todos os segmentos da indústria. Há descontentamento com a situação atual e redução do otimismo em relação à sua situação futura. Por outro lado, a “confiança no setor” continua sendo o item mais otimista do indicador.
Indústria Antes da Porteira (Insumos Agropecuários): 94,1 pontos, queda de 7,8 pontos
O resultado da “indústria antes da porteira da fazenda”, principalmente do segmento de máquinas agrícolas, já havia sinalizado uma mudança de humor no primeiro trimestre de 2014, quando apresentou a maior redução entre os elos pesquisados.
Há uma percepção de piora em todos os segmentos da indústria. Isso ocorreu mesmo naqueles mais otimistas, como revendas e bancos, que agora estão menos confiantes quanto à situação dos negócios. No caso de máquinas e implementos a recuperação das vendas foi menor do que a esperada. Neste último caso, porém, a “sondagem de investimentos”, que apresenta a intenção de compra pelos produtores agropecuários, indica a possibilidade de recuperação no segundo semestre.
Indústria Depois da Porteira (Logística e Alimentos): 88,9 pontos, queda de 19,8 pontos
O resultado da “indústria depois da porteira da fazenda”, que engloba empresas de logística, tradings e indústria processadora, apresentou forte reversão. Houve significativa piora das avaliações, o que levou este elo da cadeia a sair da condição de otimismo moderado para pessimista.
Essa avaliação foi observada em todos os segmentos, sendo influenciada por fatores como a queda da taxa de câmbio, que prejudica o elo exportador da cadeia, e a desaceleração da economia como um todo, com reflexos no enfraquecimento da demanda dos produtos finais do agronegócio (tanto alimentos como biocombustíveis).
Produtor Agrícola: 92,2 pontos, queda de 6,0 pontos
A “confiança do produtor agrícola” caiu 6,0 pontos na comparação com o 1º trimestre de 2014, resultado influenciado principalmente pelos produtores de cana-de-açúcar e laranja. No sentido oposto, a melhora da “confiança do produtor pecuário” (puxada pelos produtores de leite) ajudou a amenizar a queda do indicador geral do “produtor agropecuário”.
As preocupações com os “custos de produção” e com a “situação da economia brasileira” foram novamente os itens que mais influenciaram o resultado para baixo.
O item “produtividade”, que se destacou negativamente no levantamento anterior em função da forte estiagem registrada no início do ano, foi neutro neste 2º trimestre de 2014. Em relação às “condições da região” e à “confiança no setor”, os agricultores continuaram otimistas, principalmente os produtores de grãos e café. Isso porque, de forma geral, apesar dos preços terem apresentado tendência de queda ao longo do 2º trimestre do ano, ainda assim permaneceram em patamares superiores aos do mesmo período do ano passado. Como exemplo, o preço médio da soja no 2º trimestre deste ano foi 13% acima do mesmo período de 2013. No café, a diferença foi de +45%, enquanto no milho e no arroz o aumento médio foi de 10%.
Produtor Pecuário: 98,1 pontos, aumento de 4,4 pontos
O produtor pecuário se mostrou mais confiante no 2º trimestre em comparação com o trimestre anterior, embora permaneça descontente com a “situação da economia brasileira”. Os produtores estão mais otimistas com a “região” e com o “setor” em que atuam, tanto na pecuária de corte como de leite, sendo os fatores que mais contribuíram para melhorar o indicador de confiança da pecuária.
Ao mesmo tempo, também estão menos pessimistas com relação ao “custo de produção”, comportamento influenciado pela queda dos preços do milho e farelo de soja (componentes importantes na ração animal, que afeta tanto confinamentos como a pecuária de leite).
Fonte: Jornal o Expresso
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