Análise de Mercado

Importações brasileiras crescem de forma seletiva em 2025 e especialista aponta três ajustes estratégicos

Comércio global desacelera e impacta o Brasil


Publicado em: 16/10/2025 às 11:45hs

Importações brasileiras crescem de forma seletiva em 2025 e especialista aponta três ajustes estratégicos
Foto: Porto de Santos

O comércio internacional enfrenta desaceleração em 2025, com crescimento global projetado em 2,3% pelo Banco Mundial e queda de 0,2% segundo a OMC, devido a tarifas elevadas e incertezas regulatórias. No Brasil, as importações alcançaram US$ 135,8 bilhões no primeiro semestre, alta de 8,3% em relação a 2024, conforme dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

A CNI destaca que a entrada de manufaturados e os efeitos das tarifas dos EUA pressionam a indústria nacional, reforçando a importância de estratégias de compras externas mais direcionadas e inteligentes.

Compras externas seletivas ganham força

Segundo Thiago Oliveira, especialista em comércio exterior e câmbio e CEO da Saygo, a tendência para o quarto trimestre é de expansão seletiva das importações, priorizando tecnologia, saúde, insumos industriais e bens de consumo, com diversificação de fornecedores na Ásia e União Europeia.

“O maior risco para o importador em 2025 é o dólar volátil e tarifas elevadas. Mas há oportunidade para redesenhar origens, negociar cláusulas cambiais e capturar preços melhores em mercados mais competitivos. Quem integrar câmbio, compliance e logística terá vantagem operacional em 2026”, afirma Oliveira.

Panorama setorial das importações
  • Tecnologia: Reposição de estoques no Sudeste Asiático e China; Taiwan e Coreia do Sul estratégicos em semicondutores; recomenda-se contratos em dólar com hedge e atenção à logística.
  • Saúde: Europa mantém liderança em dispositivos médicos; Índia e China se destacam em genéricos e APIs. A estratégia é mesclar fornecedores para reduzir riscos cambiais e regulatórios.
  • Insumos industriais: União Europeia e Leste Europeu avançam em químicos e máquinas; Ásia segue competitiva em aços e autopeças. Tarifas dos EUA redirecionam fluxos, oferecendo oportunidades de preço.
  • Bens de consumo: Ásia lidera em eletrônicos e eletroportáteis; Europa ganha espaço em nichos premium; Índia, Vietnã e Turquia crescem em vestuário e calçados. Recomenda-se compras escalonadas e liquidação segura via Pix internacional ou cartas de crédito.
Impacto de câmbio e tarifas nas operações

O Banco Mundial alerta para perda de tração do comércio e sensibilidade do PIB global a novas barreiras comerciais. A OMC reforça que tarifas adicionais e incertezas podem reduzir ainda mais o volume de trocas.

No Brasil, o chamado “tarifaço” dos EUA e o aumento das importações de manufaturados pressionam a indústria, tornando as compras externas uma válvula de competitividade. Oliveira enfatiza:

“Sem política de câmbio clara e hedge programado, fica impossível precificar o estoque. Importadores que sincronizam janela de fechamento, embarque e prazo de nacionalização protegem margens e caixa.”

Três ajustes estratégicos recomendados

Para otimizar operações nos próximos meses, Oliveira aponta três ações práticas:

  • Contratar em múltiplas moedas: Priorizar dólar e euro conforme a origem, com gatilhos de recompra para evitar exposição cambial excessiva.
  • Rever Incoterms e seguros: Avaliar CIF com seguradoras globais em rotas asiáticas e negociar DAP na Europa com integradores que ofereçam rastreamento ESG.
  • Aperfeiçoar compliance documental: Padronizar classificação fiscal, origem e packing list, digitalizando dossiês para evitar multas e atrasos.
Perspectivas para o fechamento de 2025

Com o comércio global em baixa e tarifas reorganizando cadeias, o Brasil deve fechar o ano com importações sustentadas em nichos estratégicos: tecnologia, saúde, insumos industriais e consumo. Oliveira conclui:

“A recomposição será menos pelo volume geral e mais por compras direcionadas em novas origens, com contratos cambiais bem estruturados. Transformar a área de importação em estratégia garante caixa e competitividade para atravessar 2025 com segurança.”

Fonte: Portal do Agronegócio

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