Publicado em: 19/09/2025 às 11:06hs
Apesar das tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos em agosto, as exportações brasileiras continuaram crescendo em valor e volume, especialmente para China e Argentina, principais compradores. A Ásia respondeu por 45,9% das vendas externas, com a China representando 31,8%, enquanto a Argentina respondeu por 5,5%, com destaque para o setor automotivo.
Segundo análise da FGV Agro, os efeitos do tarifaço de Trump em agosto não devem se repetir com a mesma intensidade nos próximos meses, e uma estabilidade ou leve desaceleração é esperada.
Em contrapartida, as vendas para os Estados Unidos recuaram 18,5% em valor e 15,4% em volume, enquanto para a União Europeia a queda foi de 11,9% em valor e 9,4% em volume. Alguns setores, como máquinas e equipamentos, mostraram crescimento entre agosto de 2024 e 2025, mas a maioria das exportações enfrentou desaceleração.
Entre os produtos impactados pelo tarifaço, carne bovina, semimanufaturas de ferro e aço, e transformadores conseguiram compensar parte da queda nos EUA com vendas para outros mercados, enquanto produtos como madeira e fumo não conseguiram diversificar.
O superávit da balança comercial em agosto atingiu US$ 6,1 bilhões, superior aos US$ 4,5 bilhões registrados no mesmo mês de 2024, refletindo a retomada das exportações e a redução das importações. No acumulado do ano até agosto, porém, o superávit de 2025 (US$ 42,8 bilhões) ainda é inferior ao de 2024 (US$ 53,6 bilhões).
Em volume, as exportações aumentaram 7,3%, enquanto as importações caíram 3,8% em agosto, com destaque para a redução nos bens de capital e duráveis. Já no acumulado anual, as importações de bens de capital registraram aumento de 18,5%, puxadas por demandas internas.
O aumento das exportações em agosto foi puxado pelas commodities, com crescimento de 10,3% em volume, enquanto produtos não commodities tiveram aumento de 0,9%. Entre os produtos de destaque estão soja, petróleo, minério de ferro e carne bovina, que responderam por mais de 85% do crescimento das vendas externas para a China.
No setor industrial, a liderança em volume foi da extrativa (+21,3%), seguida da agropecuária (+6,1%) e da transformação (+2,4%). Em valor, a carne bovina foi o principal produto da transformação, com aumento de 56%, enquanto celulose, açúcares e farelo de soja recuaram.
De acordo com a FGV Agro, se não houver novas medidas tarifárias dos EUA, espera-se uma desaceleração moderada no crescimento de exportações e importações, com o saldo da balança comercial projetado entre US$ 62 bilhões e US$ 65 bilhões.
O esforço de diversificação de mercados segue como prioridade do Brasil, com atenção especial para negociações técnicas com os EUA e manutenção de fluxos com a China, garantindo que o país continue a reduzir a dependência de um único parceiro comercial.
Além disso, a vulnerabilidade externa deve permanecer controlada, graças à manutenção da taxa de juros brasileira, à redução das taxas nos EUA e à perspectiva positiva para a entrada de capital estrangeiro.
Fonte: Portal do Agronegócio
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