Publicado em: 16/09/2025 às 12:30hs
Desde 2010, o javali-europeu (Sus scrofa) se tornou uma ameaça crescente em Santa Catarina, infestando grande parte dos municípios. Segundo José Zeferino Pedrozo, presidente da FAESC e do Senar/SC, a população descontrolada desses animais vem causando prejuízos significativos às propriedades rurais, destruindo plantações e representando risco à integridade física de pessoas e animais.
Entre 2019 e 2024, foram abatidos mais de 120 mil javalis, mas estima-se que atualmente existam mais de 200 mil animais espalhados por 236 municípios.
A maior concentração de javalis está no entorno de Lages, na serra catarinense, e no Parque Nacional das Araucárias, que abrange parte de Ponte Serrada e Passos Maia. Quando o alimento escasseia nesses habitats, os animais migram para propriedades rurais, atacando principalmente milho, feijão, soja, trigo, pastagens, hortas e criatórios de aves e suínos, causando destruição em hectares de cultivo em apenas uma noite.
Os javalis vivem em bandos de até 50 indivíduos. Os machos adultos pesam entre 150 e 200 kg, enquanto as fêmeas variam de 50 a 100 kg, e cada fêmea produz em média duas ninhadas por ano, com cerca de oito filhotes cada. Essa alta taxa de reprodução dificulta o controle populacional.
A Lei nº 18.817/2023, sancionada pelo governador Jorginho Mello, autoriza o controle e manejo sustentável do javali, mas muitos produtores preferem acionar a Polícia Militar Ambiental devido aos riscos do abate e à burocracia exigida. Apenas caçadores profissionais licenciados podem realizar o controle.
Apesar do esforço, o problema persiste, e os javalis continuam a representar uma ameaça à saúde animal, podendo transmitir doenças graves como peste suína africana, peste suína clássica e febre aftosa, além de gerar prejuízos econômicos significativos à cadeia produtiva de suínos, aves e outras culturas.
Santa Catarina ocupa 1,12% do território nacional, mas é o maior produtor e exportador de suínos do Brasil, além de ser o segundo maior produtor de frangos e o terceiro maior produtor de leite. A contaminação de plantéis comerciais poderia gerar perdas enormes e comprometer a estabilidade do parque agroindustrial do Estado.
Durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, foram discutidas as dificuldades para o controle da população de javalis, incluindo a burocracia para obtenção de licenças, a demora na emissão de documentos e a escassez de equipes especializadas para o abate.
Pedrozo alerta que a praga dos javalis não afeta apenas o agronegócio, mas toda a sociedade, sendo necessária a prioridade de todas as esferas da Administração Pública para proteger a economia, a segurança sanitária e a integridade das pessoas no meio rural.
Fonte: Portal do Agronegócio
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