Publicado em: 24/06/2025 às 18:20hs
O herbicida à base de glifosato voltou a ser alvo de polêmica após a divulgação de um estudo do Instituto Ramazzini, que aponta um possível aumento no risco de câncer em ratos expostos ao produto. Em resposta, a Bayer, fabricante do Roundup, contestou publicamente os resultados, classificando a pesquisa como falha e metodologicamente comprometida. Segundo a empresa, o estudo segue uma linha de trabalhos do instituto que já foram rejeitados por autoridades regulatórias dos Estados Unidos e da Europa por falta de rigor científico.
Desde que adquiriu a Monsanto, criadora do Roundup, a Bayer enfrenta uma avalanche de ações judiciais. Atualmente, cerca de 67 mil processos continuam ativos nos Estados Unidos, mesmo após a empresa ter desembolsado quase US$ 11 bilhões em acordos que encerraram mais de 100 mil casos. Mais recentemente, um tribunal de apelação no Missouri manteve uma condenação de US$ 611 milhões em favor de três pessoas que alegam ter desenvolvido câncer devido ao uso do herbicida. A Bayer informou que recorrerá da decisão.
Apesar das contestações judiciais e das pesquisas independentes que colocam em dúvida a segurança do glifosato, a Bayer segue firme em sua defesa. A empresa reforça que o produto é seguro quando utilizado conforme as instruções da bula. Apoiada por décadas de avaliação científica, a companhia afirma que autoridades reguladoras como a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) não classificam o glifosato como cancerígeno e autorizam seu uso em atividades agrícolas.
Mesmo com as controvérsias, o glifosato permanece liberado em diversos países. Nos Estados Unidos, a EPA anunciou que fará uma reavaliação dos potenciais riscos ambientais e da possível ligação entre o produto e o câncer, após determinação judicial. Na União Europeia, a licença de uso do glifosato foi renovada por mais dez anos em 2023, embora o tema ainda gere divergências entre os países do bloco.
A continuidade da comercialização do Roundup é estratégica para a Bayer. Além de representar uma importante fatia de seu portfólio, o produto está diretamente ligado à reputação da empresa. A fabricante alemã aposta na confiança nas agências reguladoras e na ciência que sustenta a segurança do glifosato como forma de preservar sua imagem e minimizar os prejuízos decorrentes dos processos judiciais.
O caso do glifosato permanece como um dos mais controversos da indústria química e agrícola. Com a ciência ainda dividida, agências internacionais mantendo o produto autorizado e milhares de ações judiciais em andamento, o futuro do herbicida segue indefinido. Para a Bayer, sustentar a confiança no Roundup é essencial para enfrentar os desafios legais e preservar sua atuação no mercado global.
Fonte: Portal do Agronegócio
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