Publicado em: 03/12/2024 às 09:00hs
Apesar de sua relevância no cenário econômico global, as discussões do G20 têm apresentado resultados pouco expressivos para a agricultura brasileira. As negociações frequentemente ignoram as particularidades do setor no Brasil, expondo um desequilíbrio de interesses e uma falta de isonomia que prejudicam o país na consolidação de seu papel como líder estratégico e sustentável no agronegócio mundial.
Um dos maiores desafios enfrentados pelo Brasil é competir com subsídios destinados a outros grandes players, como a França. Este país, que critica a sustentabilidade da produção brasileira, financia sua própria agricultura em larga escala, frequentemente questionada em termos ambientais. Esse cenário ressalta a discrepância entre a imagem projetada da produção brasileira e os avanços reais conquistados pelo país em produtividade e sustentabilidade.
Embora o Brasil seja reconhecido como um dos maiores exportadores agrícolas globais, a narrativa internacional muitas vezes ignora os investimentos em tecnologia e inovação que tornam sua produção uma das mais sustentáveis do mundo. Paradoxalmente, as reuniões do G20, em vez de apoiar a agricultura nacional, frequentemente servem de palco para discursos que a colocam em posição desfavorável.
Internamente, desafios como o aumento do desmatamento e das queimadas evidenciam a necessidade de políticas públicas mais robustas, que promovam uma avaliação justa das práticas sustentáveis já implementadas no país. A falta de suporte financeiro adequado e de segurança jurídica enfraquece o posicionamento brasileiro no cenário internacional, mesmo diante do uso crescente de tecnologias avançadas no campo.
A expansão do mercado de fertilizantes especiais é um exemplo positivo. Em 2023, o setor registrou crescimento de 2%, atingindo R$ 22,642 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). Tecnologias inovadoras, como biofertilizantes e produtos biológicos, têm garantido maior eficiência com menor impacto ambiental, alinhando o país às melhores práticas internacionais.
Além disso, um estudo da consultoria McKinsey, intitulado Global Farming, aponta perspectivas promissoras para o crescimento sustentável da agricultura brasileira. Entre 2022 e 2024, o uso de produtos biológicos cresceu 35%, e 70% dos produtores pretendem manter ou ampliar investimentos nessa área, independentemente das flutuações nos preços dos insumos convencionais.
Porém, os avanços tecnológicos enfrentam entraves, como o difícil acesso ao financiamento verde e a ausência de regulamentações eficazes que garantam estabilidade ao setor. O Brasil possui recursos naturais, tecnologia e vontade para liderar a agricultura sustentável mundial, mas carece de políticas públicas consistentes e de reconhecimento internacional para alavancar esse potencial.
O G20 poderia ser uma plataforma estratégica para promover o agronegócio brasileiro, mas as negociações continuam reféns de interesses protecionistas que ignoram a contribuição do país para a segurança alimentar global. Para que o Brasil se consolide como referência em agricultura sustentável, é fundamental que governos e instituições atuem com transparência, baseados na ciência e em práticas éticas, oferecendo suporte robusto ao setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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