Publicado em: 18/08/2025 às 11:55hs
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, manifestou preocupação com o pacote de R$ 30 bilhões anunciado pelo governo federal e com as consequências das barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos ao agronegócio brasileiro.
Meirelles defendeu que o Brasil fortaleça as negociações bilaterais e adote estratégias diplomáticas para reduzir tarifas de exportação aplicadas pelos EUA. Segundo ele, a falta de diálogo pode inviabilizar investimentos em infraestrutura, como melhorias de estradas e construção de armazéns para safra.
Ele também sugeriu que produtos perecíveis, que correm risco de perda enquanto aguardam acordos, sejam redirecionados a programas de segurança alimentar, como o da merenda escolar.
Apesar de reconhecer que o pacote de crédito pode aliviar temporariamente problemas de fluxo de caixa, Meirelles alertou para o peso das elevadas taxas de juros no Brasil — as segundas mais altas do mundo, atrás apenas da Turquia.
No agronegócio, que opera com ciclos longos e está sujeito a variações climáticas e de mercado, o custo do capital elevado prolonga o retorno sobre investimentos e aumenta o risco de inadimplência.
O dirigente ressaltou que juros altos, combinados com uma eventual queda prolongada nas exportações devido a barreiras comerciais, podem gerar um efeito de “bola de neve” no endividamento rural.
Com margens mais apertadas, produtores teriam dificuldade para honrar compromissos, reduzindo sua capacidade de investir em tecnologia, inovação e práticas sustentáveis — fatores essenciais para manter a competitividade no mercado internacional.
Segundo Meirelles, o cenário atual compromete não apenas o presente, mas também o futuro do agro brasileiro. A necessidade de destinar recursos para pagamento de dívidas diminui o espaço para modernização das propriedades e para a adoção de métodos produtivos exigidos por compradores globais.
“Precisamos urgentemente de uma reforma administrativa para tentar reduzir os juros. Esse patamar impacta diretamente os investimentos no campo e a vida dos produtores rurais”, concluiu.
Fonte: Portal do Agronegócio
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