Publicado em: 14/11/2013 às 17:30hs
Entre janeiro e outubro deste ano, a exportação de bovinos alcançou 1,232 milhão de toneladas, alta de 8,86% na comparação com o mesmo intervalo de tempo do ano passado, quando foram exportados 1,036 milhão de toneladas, e recorde para o período, segundo dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Também nesse intervalo, os frigoríficos do estado abateram 5 milhões de cabeças, volume 9,17% maior que o mesmo até outubro de 2012, quando foram abatidos 4,58 milhões de cabeças. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) calcula que, até o fim do ano, os abates devam alcançar entre 5,8 milhões e 6 milhões de animais.
Segundo Fabio da Silva, analista do instituto, os últimos dois meses do ano costumam registrar níveis maiores de abate por causa da demanda das festas de fim de ano, tanto interna quanto externamente.
"Em uma expectativa pessimista de que o ritmo de abate nos últimos dois meses fique em 400 mil cabeças por mês, chegaríamos ao recorde, de qualquer forma, com 5,8 milhões de abates. Mas o ritmo deste ano está em 500 mil cabeças por mês, então podemos chegar a 6 milhões", assinala Silva.
Mudança estrutural
Analistas e pecuaristas consultados pelo DCI dizem que o aquecimento da demanda interna e externa é apenas um dos responsáveis pela marca recorde de abates. Segundo eles, há uma mudança estrutural em curso até mais importante que o aumento da demanda externa e interna, que é a conversão de áreas de pastagens degradadas em lavouras produtivas de grãos, o que leva os produtores a entregarem mais animais para o abate.
Jorge Pires de Miranda, vice-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), é um dos produtores mato-grossenses que participam dessa mudança. Neste ano, ele já converteu 4,2 mil hectares de pastagens em lavoura de soja e milho em sua fazenda em Brasnorte (MT). "Com a valorização dos produtos agrícolas, só se consegue melhorar essas pastagens na agricultura", afirmou. Em três anos, ele reduziu sua área de pastagem em 50%, enquanto seu rebanho caiu 25%.
Segundo Fábio da Silva, o avanço da agricultura sobre pastagens "é fundamental para bovinocultura de corte. Regiões de cria, como Alto Paraguai, Nova Xamantina e Canarana, a agricultura tem expandido muito em regiões de cria, onde as pastagens estão mais degradadas".
Segundo o analista, a mudança deve enxugar o rebanho brasileiro e impactar tanto nos preços ao produtor como ao consumidor.
"É interessante para a gente ter diminuição de rebanho", afirma Zacarias Schneider, pecuarista de Cuiabá (MT). Ele acredita que "a tendência em dois anos é valorizar a arroba do boi porque vai haver falta de produto".
O cenário de escassez já vinha se desenhando com o aumento de abate de fêmeas, que ocorre em momentos de retração da atividade, já que as fêmeas costumam ser descartadas em 12 anos, após terem sido utilizadas para cria, enquanto os machos são descartados em dois a três anos.
Fonte: DCI
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