Análise de Mercado

Expectativas em Alta: Visita de Xi Jinping ao Brasil Pode Impulsionar Exportações de Gergelim, Sorgo e Uva

Tratativas avançadas podem resultar na assinatura de protocolos para a liberação de embarques de produtos brasileiros à China


Publicado em: 18/10/2024 às 09:30hs

Expectativas em Alta: Visita de Xi Jinping ao Brasil Pode Impulsionar Exportações de Gergelim, Sorgo e Uva

O Presidente da China, Xi Jinping, estará no Brasil nos dias 18 e 19 de novembro, participando da cúpula do G20. No entanto, sua chegada ocorrerá alguns dias antes, proporcionando uma agenda repleta de encontros e reuniões. Segundo o Itamaraty, a pauta bilateral entre Xi e o Presidente Lula deverá abranger uma ampla gama de tópicos, semelhante ao que aconteceu durante a visita de Lula à China em abril de 2023, quando mais de 20 acordos foram assinados em diversas áreas, incluindo agricultura, meio ambiente e ciência e tecnologia.

De acordo com José Carlos Lima Júnior, Sócio-Diretor da Markestrat, “as relações bilaterais Brasil-China assumem um novo contorno em um ano eleitoral nos Estados Unidos e em meio à movimentação em torno de uma moeda dos BRICS. Por essa razão, podemos esperar surpresas positivas com acordos comerciais de exportação”.

O setor de sorgo é um dos que mais aguarda essa visita, com grandes expectativas de avançar nas negociações para iniciar as exportações para a China. A produção nacional desse grão vem crescendo, consolidando-se como uma alternativa para os produtores da segunda safra, que apostam na demanda internacional para expandir seus negócios. “Nos últimos três ou quatro anos, a produção de sorgo dobrou, alcançando cerca de 5 milhões de toneladas, tornando o Brasil o terceiro maior produtor mundial, com boas perspectivas de crescimento. Usinas de etanol de milho estão se preparando para produzir etanol também do sorgo, como já ocorre no Mato Grosso do Sul, o que abre novas possibilidades de exportação”, afirmou Paulo Bertolini, Presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo).

Bertolini destacou que a entidade já está em negociações para a assinatura de um protocolo sanitário de exportação e espera que a visita do presidente chinês em novembro finalize as liberações necessárias para o início dos embarques. “O mercado chinês é o maior consumidor de sorgo, consumindo aproximadamente 10 milhões de toneladas, das quais 7 milhões são importadas. Nosso objetivo é permitir que o Brasil também possa exportar sorgo para a China, impulsionando nossa agricultura na segunda safra”, explicou.

Além das tratativas conduzidas pela Abramilho em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), uma comitiva está sendo organizada para trazer representantes chineses ao Brasil para conhecer a produção de sorgo em pelo menos três estados na próxima safra, prevista para maio de 2025. “Nossa expectativa é que a China possa liberar imediatamente esse protocolo, permitindo o início do processo de exportação de sorgo, com o compromisso de que as delegações vejam os campos de produção durante a próxima safra”, detalhou Bertolini.

Outro cultivo de segunda safra que aguarda a visita dos chineses para a liberação dos protocolos de exportação é o gergelim, um processo iniciado há mais de dois anos e que deve ser concluído no próximo mês. “A exportação de gergelim para a China é urgente, pois esse é o maior mercado do mundo. Infelizmente, esse processo levou cerca de dois anos e meio, mas estamos agora nas etapas finais das tratativas. Do ponto de vista técnico, tudo já está organizado; restam apenas as negociações políticas. Acreditamos que em breve poderemos anunciar a abertura do mercado de gergelim”, afirmou Marcelo Eduardo Lüders, Presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses).

A Diretora de Relações Institucionais do Ibrafe, Najla Souza, ressaltou a importância da abertura das exportações de gergelim para a China, fundamental para continuar impulsionando a crescente produção nacional do grão. “Desde o ano passado, nossa produção de gergelim aumentou 104%. Isso representa um crescimento significativo em um cenário com muitos concorrentes. A presença de um mercado como a China, que representa pelo menos US$ 2 bilhões apenas em gergelim, seria uma excelente notícia para o Brasil”, enfatizou.

Souza acrescentou que as negociações fitossanitárias já foram concluídas e agora se aguarda a assinatura final durante a visita do presidente chinês em novembro. “Isso é quase certo, embora possa haver alterações nas pautas que deixem o gergelim de fora. No entanto, o setor está extremamente ansioso por essa liberação”, comentou.

O setor de frutas, legumes e verduras também está na expectativa em relação à visita de Xi Jinping, visando a liberação das exportações de uvas para a China. Assim como os outros produtos, as tratativas já estão adiantadas, restando apenas a assinatura final. “Após quatro anos, o Governo brasileiro, por meio do Mapa, e o chamado Mapa da China, fecharam um acordo fitossanitário. Não há mais pendências relacionadas à fitossanidade para que possamos exportar uvas para a China. Os chineses, no entanto, preferem anunciar tais conquistas em grandes eventos. Assim, estamos na expectativa de que, durante a reunião do G20 em novembro no Brasil, essa abertura de mercado seja anunciada”, disse Guilherme Coelho, Presidente da Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados).

Paralelamente a essas tratativas de protocolos e liberações, o setor de frutas trabalha para garantir a logística das exportações, assegurando que as uvas brasileiras cheguem à China com qualidade. “Nosso setor de fruticultura não seguirá um caminho assertivo no futuro sem a China. Acredito que enfrentaremos desafios logísticos, mas temos boas perspectivas. A maior parte da produção de frutas no Brasil vem do Nordeste, que recentemente recebeu uma nova rota marítima conectando os portos de Salvador e Recife diretamente ao continente asiático. Essa rota partirá de Recife, passará por Salvador e seguirá para Singapura, com escala em quatro portos chineses e, finalmente, na Coreia do Sul. Isso é um grande avanço para nós, igualando o tempo de trânsito aos nossos concorrentes, como Peru e Chile, para acessar esse mercado”, concluiu Júnior Silveira, Sócio-Diretor da Xportate, especializada na exportação de frutas brasileiras.

Fonte: Portal do Agronegócio

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