Publicado em: 28/05/2018 às 10:30hs
Os Estados Unidos comemoram, nesta segunda-feira (28), o feriado do Memorial Day e, por isso, as bolsas de Chicago e Nova York nao funcionam. Os negócios serão retomados no pregão da noite. Assim, as cotações registradas na página inicial do Notícias Agrícolas são as do fechamento da última sexta-feira (25).
Assim, veja, os fechamentos de soja, milho e café da última semana:
A semana foi agitada para os preços da soja. Os mercado internacional e interno receberam informações que mexeram com o andamento dos negócios, mas o balanço foi bastante positivo, principalmente, na Bolsa de Chicago. As posições mais negociadas acumularam altas de mais de 4%, o que levou as cotações a superarem os US$ 10,40 novamente.
"Sem dúvida, a China foi o que estimulou os preços nesta semana", diz Ginaldo Sousa, diretor da Labhoro Corretora em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (25). Na segunda-feira (21), o mercado recebeu a notícia de uma trégua entre China e Estados Unidos sobre suas disputas comerciais. Embora ainda faltem detalhes sobre a prévia desse acordo, os traders trataram com otimismo a notícia, já esperando a volta da força da demanda da nação asiática pela soja norte-americana.
Entre esta quinta (24) e sexta-feira (25), o USDA(Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) já trouxe dois novos anúncios de venda de soja. No segundo, foram 477 mil toneladas da safra nova, sendo 312 mil dos EUA e 165 mil de origens opicionais. Já no primeiro anúncio, foram 264 mil toneladas, porém, para destinos não revelados. As notícias também ajudaram a dar força aos preços.
"A China tem que comprar dos EUA por questões logísticas, de oferta e demanda. O Brasil sozinho não supre a necessidade da China, e com a China voltando ao mercado (dos EUA) já indica seu retorno", acredita Sousa.
E o executivo diz ainda que segue bastante otimista sobre o andamento dos preços, apostando não só nessa melhora da demanda chinesa pela oleaginosa dos EUA, mas também por não ser este um momento de queda sazonal das cotações. "Durante o plantio não é hora de os preços caírem. Temos sempre o weather market, que é um fator preponderante", completa.
No entanto, o analista lembra que até este estágio da nova safra dos Estados Unidos as condições de clima são bastante favoráveis para o desenvolvimento das lavouras e há um potencial considerável sendo esperado para essa temporada.
As previsões um pouco mais alongadas, porém, chamam a atenção pela possibilidade de um aumento de temperaturas nos próximos dias, como explica a AgResource Mercosul (ARC).
"Nos Estados Unidos, uma tempestade tropical, nomeada Alberto, é projetada para se formar e se direcionar sentido o Golfo norte-americano, neste próximo fim de semana. Tal evento deverá causar um aquecimento das regiões não-afetadas com a tempestade, principalmente as Planícies e o oeste do Cinturão Agrícola. Temperaturas médias são esperadas entre 32-38 °C, para tais regiões", diz o reporte da consultoria internacional.
Mercado Brasileiro
A semana para o mercado brasileiro da soja, em linhas gerais, foi negativa, com altas apenas pontuais. Não só uma queda acumulada de 1,91% pelo dólar frente ao real - e fechando em R$ 3,66 -, mas o recuo dos prêmios nos portos brasileiros ajudou a pesar sobre os indicativos. A greve dos caminhoneiros limitou a oferta de soja nos portos e os prêmios refletiram imediatamente.
Valores que chegaram a se aproximar de 200 cents de dólar há alguns meses variam de 55 a 110 cents sobre os preços praticados em Chicago no porto de Paranaguá, com as referências mais baixas sendo registradas nas posições mais próximas.
Ainda como explicou Ginaldo Sousa, há navios ao largo, atracados e uma outra enorme quantidade que está a caminho e os portos estão quase sem soja. "São Francisco tem soja para mais dois dias só e as embarcações com lineup programado para terça-feira já não tem mais chance de embarque. E para recompor estes volumes (do produto nos portos) leva tempo", diz.
A pressão sobre os prêmios, porém, já vem sendo registrada há algumas semanas, como explicou o consultor em agronegócio Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, com os maiores volumes, para este momento do ano comercial, já tendo sido adquiridos. A análise explica ainda porque as posições mais distantes - como agosto e setembro - têm valores acima de 100 cents.
No terminal de Rio Grande, a soja disponível cedeu 0,58% e a referência para junho/18, 0,57%, com os preços ficando em, respectivamente, em R$ 86,40 e R$ 87,00 por saca. Em Paranaguá, os valores também foram de R$ 87,00 tanto no disponível, quanto para março do ano que vem, e variações de 1,16% somente no disponível.
No interior do país, as cotações cederam de forma mais intensa nas praças de comercialização do Paraná, segundo um levantamento feito pelo economista do Notícias Agrícolas André Bitencourt Lopes. As baixas variaram entre 0,65% e 1,32%. As cotações ainda variam, porém, de R$ 75,00 a R$ 86,50 por saca.
Nos demais estados produtores, os preços ainda se mantêm acimao dos R$ 70,00, mas sem uma direção bem definida para as cotações. Foram observadas altas de até 4,89%, como no Oeste da Bahia, com a saca fechando a semana em R$ 71,67, e baixas de até 0,65%, como foi o caso de Assis, em São Paulo, onde o último preço foi de R$ 76,50.
Mais uma vez, a semana foi positiva aos preços o milho praticados na Bolsa de Chicago (CBOT). Conforme levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, as cotações do cereal acumularam valorizações entre 0,87% e 1,23%.
Nesta sexta-feira (25), as principais posições da commodity subiram entre 1,75 e 2,75 pontos, uma valorização entre 0,43% e 0,64%. O contrato julho/18 era cotado a US$ 4,06 por bushel, enquanto o setembro/18 operava a US$ 4,15 por bushel. O dezembro/18 era cotado a 4,25 por bushel.
"O milho subiu nesta sexta-feira com compra técnica e apoio da alta do trigo", afirmou a Reuters internacional. Por sua vez, as cotações do trigo apresentaram alta de mais de 12 pontos no pregão de hoje na CBOT. Os preços subiram mais de 2%.
"As preocupações com o trigo dos EUA aumentaram as preocupações com as safras em partes do Canadá, Austrália e Rússia - todos os principais exportadores de trigo - alimentando as expectativas de um saldo de oferta mais apertado após os estoques recordes terem sido previstos para esta safra", destacou a Reuters.
Para o milho, o clima no Meio-Oeste americano também permanece no radar dos investidores. Isso porque, com 81% da área prevista para essa temporada já cultivada, há preocupações com as condições climáticas adversas registradas em algumas regiões do Corn Belt.
Enquanto em algumas localidades a preocupação é o com o excesso de umidade, em outras, os agricultores relatam problemas com ausência de chuvas. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) atualiza as informações sobre a safra americana na próxima terça-feira (29).
Devido ao feriado do Memorial Day, comemorado na próxima segunda-feira (28) no país, as bolsas não irão operar. Fator que, inclusive, fez com que os participantes do mercado buscassem um melhor posicionamento frente ao final de semana prolongado.
Além da oferta, a perspectiva de um aumento na demanda pelo produto americano segue no foco dos traders. Diante dos resultados positivos nas conversas entre EUA e China, o sentimento é que as exportações americanas continuem firmes, conforme destacam os especialistas.
Do mesmo modo, a quebra na segunda safra de milho no Brasil é vista como janela de oportunidade aos produtores americanos. Na safra 2018/19, os EUA deverão exportar mais de 53,34 milhões de toneladas de milho, segundo última projeção do departamento americano.
Mercado brasileiro
No mercado doméstico, a semana também foi positiva aos preços do milho. Em São Gabriel do Oeste (MS), a saca do milho subiu 9,68% e terminou a sexta-feira a R$ 34,00. Já em Castro (PR), o ganho foi de 5,00%, com a saca a R$ 42,00.
Ainda no estado paranaense, nas praças de Ubiratã, Londrina e Cascavel, a valorização semanal ficou em 4,69% e a saca do cereal a R$ 33,50. Em Palma Sola (SC), o ganho foi de 2,86% e a saca a R$ 36,00.
Na região de Campinas (SP), a saca de milho subiu 3,44% e fechou a semana a R$ 45,10, em Assis (SP), o alta foi de 2,78% com a saca do cereal a R$ 37,00. No Porto de Paranaguá, a saca do cereal terminou a semana estável, em R$ 40,50.
Em meio à greve dos caminhoneiros, que entrou no 5º dia nesta sexta-feira, os negócios com o milho permanecem travados no mercado doméstico. De acordo com as consultorias, as negociações estão restritas ao disponível e a curtas distâncias.
A situação tem preocupado especialmente o setor de proteína animal. Em nota reportada nesta sexta-feira, a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) alertou que 1 bilhão de aves e 20 milhões de suínos poderão morrer nos próximos dias devido à falta de ração nos campos.
"Em diversos locais já há falta de insumos e animais estão sem alimentação. Aqueles que ainda contam com estoques, estão fracionando para prolongar ao máximo a oferta do alimento", informou a ABPA.
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerrou a semana com alta acumulada de 2% e retomou o patamar de US$ 1,20 por libra-peso. As cotações da variedade avançaram nos últimos dias com suporte do câmbio e informações sobre o frio no Brasil, inclusive com relatos de geadas com a safra 2018/19.
No mercado interno, apesar de recente avanço nos preços, poucos negócios aconteceram e os produtores estão mais atentos ao início dos trabalhos de colheita. (Veja mais informações abaixo)
Nesta sexta-feira (25), o vencimento julho/18 registrou 120,60 cents/lb com alta de 5 pontos e o setembro/18 anotou 122,80 cents/lb – estável. Já o contrato dezembro/18 fechou o dia com 126,30 cents/lb e desvalorização de 5 pontos, enquanto o março/19, mais distante, fechou na estabilidade, a 129,85 cents/lb.
Entre altas e baixas, o mercado do arábica na ICE encerrou a semana com os principais vencimentos acima do patamar de US$ 1,20 por libra-peso. O principal fator de suporte para as cotações foi o frio, que inclusive danificou lavouras pontuais de café. A informação gerou cobertura de vendidos na ICE.
"Áreas de cultivo no Sul de Minas Gerais registraram temperaturas bastante frias a ponto de danificar a colheita nesta semana, mas são baixos os relatos de anos. O tempo permanece seco na maior parte em áreas arábica, mas localidades de conilon receberam chuvas recentemente", disse em relatório o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.
Segundo os principais institutos meteorológicos, a massa de ar polar que derrubou a temperatura no Centro-Sul do país começa a se afastar e o riso de geadas diminui nas áreas produtoras de café. O fenômeno também estava dificultando a formação de nuvens mais carregadas na maior parte do cinturão e agora as chuvas devem voltar.
O Escritório brasileiro do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou durante a semana que a produção de café no Brasil neste ano pode atingir até 60,2 milhões de sacas de 60 kg, um incremento de 18% ante a temporada anterior. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aponta produção de 58 milhões de sacas no país na safra 2018/19.
Paralelamente, o Rabobank, um dos principais bancos especializados em commodities, elevou sua previsão de superávit na safra 2018/19 de café para 3,8 milhões de sacas, apesar de um alerta para os crescentes riscos climáticos no Brasil e no Vietnã, maiores produtores globais. As informações são da Reuters internacional.
Além dos temores com a safra e questões mais técnicas, o câmbio também deu suporte importante ao mercado. Com atuação mais firme do Banco Central, o dólar comercial fechou a semana com queda acumulada de 1,91% ante o real. A divisa encerrou o dia com avanço de 0,55%, a R$ 3,6683 na venda. A questão cambial impacta nas exportações.
"Apesar do acordo, os caminhoneiros ainda não voltaram a trabalhar. Se voltarem, há espaço para alguma queda do dólar", afirmou para a Reuters a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares, ao acrescentar que "o dólar não teria muita sustentação pra uma queda expressiva, por causa do cenário externo e política interna".
Em entrevista ao Notícas Agrícolas nesta quinta-feira, Carlos Paulino, presidente da Cooxupé (Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé), disse que caminhões estão impossibilitados de entrar e sair da cooperativa. Para ele, o setor foi atingido, mas, diferente de outros ramos, os prejuízos não são maiores porque o café não é um produto perecível.
O setor de exportação de café também sente os reflexos das paralisações. "Diante do atual contexto, o CECAFÉ informa que a continuidade da greve dos caminhoneiros impacta diretamente o setor em todo o país", disse em nota o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), acrescentando possíveis prejuízos neste momento de entressafra.
Devido ao feriado Memorial Day, comemorado na próxima segunda-feira (28) nos Estados Unidos, a Bolsa de Nova York não irá operar e retoma os trabalhos apenas na terça-feira (29).
Mercado interno
Os preços físicos do café arábica registraram reação nos últimos dias nas praças de comercialização do país. No entanto, o cenário de comercialização segue lento. Segundo nota do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), vendedores estão distantes das mesas de negociação e produtores aguardam valorização mais expressiva dos grãos.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Patrocínio (MG) com alta de 2,15% (R$ 10,00) e saca a R$ 475,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Guaxupé (MG) com saca a R$ 505,00 e desvalorização de 0,59% (-R$ 3,00).
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada na cidade de Franca (SP) com desvalorização de 2,06% (-R$ 10,00) e saca a R$ 475,00. Foi o maior valor de negociação no período.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Araguari (MG) com queda de 4,26% (-R$ 20,00) e saca a R$ 450,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Guaxupé (MG) com saca a R$ 472,00 e recuo de 0,63% no período (-R$ 3,00).
Na quinta-feira (24), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 454,34 e alta de 0,52%.
Fonte: Notícias Agrícolas
◄ Leia outras notícias