Análise de Mercado

Estudo do CEPEA/ABIOVE revela tendências do mercado de trabalho na cadeia da soja e do biodiesel

Pesquisa apresentada em congresso internacional destaca crescimento do emprego, perfil do trabalhador e disparidades regionais no Brasil


Publicado em: 04/09/2025 às 13:10hs

Estudo do CEPEA/ABIOVE revela tendências do mercado de trabalho na cadeia da soja e do biodiesel
Apresentação internacional em Atenas

Rodrigo Peixoto da Silva, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, apresentou, no dia 29 de agosto, no 64º Congresso da European Regional Science Association (ERSA), em Atenas, Grécia, um estudo sobre o mercado de trabalho na cadeia produtiva da soja e do biodiesel. A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e mostra como a cadeia vem se transformando e impactando diferentes regiões brasileiras.

Crescimento contínuo do emprego na cadeia produtiva

O estudo evidencia que a população ocupada na cadeia da soja e do biodiesel quase dobrou entre 2012 e 2024, atingindo 2,26 milhões de pessoas em 2024. Os destaques incluem:

  • Serviços: maior contingente de trabalhadores, passando de 793 mil em 2012 para 1,6 milhão em 2024;
  • Segmento primário: aumento de 118% no período, registrando o maior crescimento proporcional;
  • Indústria: crescimento de 56%, com cerca de 89 mil pessoas empregadas em 2024.
Perfil do trabalhador: mais qualificado e formal

O estudo mostra que a maioria dos trabalhadores permanece formal e masculina, com cerca de 77% da força de trabalho empregada com carteira assinada entre 2012 e 2024. A participação feminina se manteve estável, em torno de 35% do total de trabalhadores.

A qualificação do trabalhador vem aumentando significativamente:

  • Ensino médio: de 32,8% para 40,2% da população ocupada;
  • Ensino superior: de 12% para 20,2%.
Rendimentos reais apresentam crescimento

Os rendimentos reais dos trabalhadores também evoluíram, especialmente nos segmentos primário e industrial:

  • Segmento primário (dentro da porteira): aumento de 37% entre 2012 e 2024;
  • Indústria: crescimento de 22% no mesmo período.

O aumento dos salários acompanha o crescimento da qualificação na cadeia produtiva.

Disparidades regionais no emprego

A pesquisa aponta diferenças significativas entre regiões:

  • Região Sul: maior empregadora no segmento primário, com pico de 293 mil pessoas em 2021 e 245 mil em 2023;
  • Centro-Oeste: segunda maior região empregadora, com mercado de trabalho concentrado em quatro microrregiões — Sudoeste de Goiás, Dourados (MS), Campo Novo do Parecis (MT) e Alto Teles Pires (MT) — que representam cerca de 40% da população ocupada local.

Entre as microrregiões de destaque estão também Cruz Alta, Santiago e Ijuí (RS), Dourados (MS), Parecis e Alto Teles Pires (MT), e Campo Mourão e Guarapuava (PR).

Contribuição para o debate internacional

Rodrigo Peixoto destacou a importância de apresentar o estudo internacionalmente:

“Foi uma ótima oportunidade para mostrar a realidade brasileira, identificar similaridades e compartilhar soluções para as disparidades regionais, enriquecendo o debate global sobre o mercado de trabalho em uma das principais cadeias agropecuárias do País.”

Fonte: Portal do Agronegócio

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