Publicado em: 12/08/2025 às 16:00hs
O agronegócio do Brasil deve se preparar para redirecionar parte de suas exportações nos próximos anos. A avaliação é de Giovana Araújo, sócia-líder de agronegócio da KPMG, que destaca os impactos de medidas recentes como o aumento de tarifas por parte dos Estados Unidos e a implementação da legislação antidesmatamento da União Europeia, prevista para 2026.
De acordo com Giovana, produtos como carne bovina e café, que vinham ganhando espaço no mercado norte-americano, serão diretamente afetados pelas novas barreiras.
“Os Estados Unidos se tornaram um destino importante para a carne bovina brasileira, com crescimento de 8% entre 2024 e 2025 e participação de 12% nas exportações. Mas, no cenário atual, o desafio de redirecionar a produção é menor do que substituir a oferta brasileira naquele mercado, que verá preços internos mais altos”, explica.
A especialista também alerta para as mudanças no mercado europeu, que exigirá, a partir de janeiro de 2026, comprovação de origem sustentável para diversos produtos agropecuários. A nova Lei de Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) exigirá rastreabilidade e auditorias para 3% dos volumes exportados de itens como carnes e café.
Apesar disso, Giovana acredita que mercados como o Japão e países europeus — considerados “premium” — podem absorver parte das exportações redirecionadas.
Mesmo diante das exigências mais rígidas, há espaço para expansão em produtos como o açúcar. Segundo Giovana, as cotas com tarifa reduzida para o mercado europeu podem ser aproveitadas, especialmente pelas usinas do Nordeste.
“Mesmo com a tarifa, o açúcar brasileiro pode se manter competitivo, sobretudo no Nordeste, onde há uma vocação exportadora”, avaliou.
Apesar do cenário global mais restritivo, a especialista da KPMG reforça que o Brasil segue com vantagens competitivas nos principais mercados.
“O mercado americano é premium, e somos muito eficientes. A Europa também é um mercado relevante, mas agora com desafios logísticos e regulatórios”, afirma.
Giovana conclui que o atual ambiente internacional exige adaptações e maior estratégia por parte dos exportadores brasileiros. Ainda assim, ela vê boas perspectivas no médio prazo, especialmente com o aumento da demanda asiática.
Fonte: Portal do Agronegócio
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