Publicado em: 04/11/2025 às 18:20hs
A atual crise enfrentada pelo setor arrozeiro brasileiro não decorre de fatores externos, mas sim de desequilíbrios internos acumulados ao longo dos anos. A avaliação é de Sérgio Cardoso, diretor de operações da Itaobi Representações, que aponta falhas de planejamento e superestimação da demanda como os principais motivos para o colapso dos preços.
Segundo o executivo, o mercado interno de arroz está estabilizado em cerca de 10 milhões de toneladas, enquanto a produção nacional ultrapassa 12 milhões de toneladas. Esse excedente, que em outros tempos era absorvido pelas exportações, hoje se tornou um gargalo diante da redução do consumo doméstico e da forte concorrência internacional.
Cardoso explica que o perfil do consumidor brasileiro mudou nos últimos anos, com a substituição gradual do arroz por alimentos ultraprocessados e prontos para consumo. Essa transformação no padrão alimentar reduziu o espaço do arroz na dieta das famílias, contribuindo para o acúmulo de estoques e pressionando os preços no campo.
Além disso, o executivo observa que novas tendências de saúde e bem-estar também estão afetando o consumo. O uso crescente das chamadas “canetas de emagrecimento”, por exemplo, reduz a ingestão calórica e diminui a procura por carboidratos tradicionais, como o arroz.
Para Cardoso, buscar intervenções governamentais neste momento seria um erro estratégico. Segundo ele, ações estatais para controle de preços tendem a prolongar os ciclos negativos e adiar a recuperação natural do mercado.
“Quando o Estado tenta controlar preço, normalmente estica o ciclo negativo. Essa crise foi construída por nós e será resolvida por nós, com ajuste, disciplina de oferta e foco no consumidor real”, destaca o executivo.
Na avaliação do diretor da Itaobi Representações, a recuperação do setor depende da autogestão. O caminho, segundo ele, está na adequação da oferta à demanda real, no planejamento estratégico de produção e na reconexão com o consumidor brasileiro, respeitando as novas tendências alimentares.
“O equilíbrio virá quando o setor ajustar sua produção ao tamanho do mercado e entender o novo comportamento do consumidor”, reforça Cardoso.
Fonte: Portal do Agronegócio
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