Análise de Mercado

Crescimento do agronegócio impulsiona investimentos nos Fiagros em 2022

Isentos de IR e focados no setor econômico de maior crescimento, nova modalidade de fundos atrai capital


Publicado em: 03/12/2021 às 18:00hs

Crescimento do agronegócio impulsiona investimentos nos Fiagros em 2022

O apetite dos investidores por ativos que pagam retorno adequado no longo prazo está mais aguçado e, impulsionados pela isenção do IR junto com a pujança do agronegócio, os Fiagros (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) se consolidam como uma das grandes apostas para 2022. "A janela do mercado está seletiva e boas histórias têm espaço. Os investidores têm interesse por ativo de crédito que pagam um retorno adequado com gestores que já tenham tido vivência com o agronegócio. Este é um mercado específico", explica André Ito, sócio fundador da MAV Capital, gestora de recursos independente em processo de credenciamento, especializada em créditos estruturados e ativos ilíquidos. 

Na avaliação de Ito, a renda fixa tradicional não deve ser vista como uma concorrente dos Fiagros, pois são modalidades de investimento diferentes. "O Fiagro, assim como todo fundo de crédito precisa ser olhado como investimento de longo prazo e, em termos de rendimento, é importante que o investidor tente entender o quanto o gestor está alocando o portfólio dele em uma estratégia pós-fixada em CDI +, que vai estar refletindo o aumento da taxa de juros", explica. 

Entre primeiro de agosto, quando foram regulamentados, até o final de novembro deste ano, 28 fundos deste tipo foram protocolados para análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Alguns já estão abertos e somam quase 10 mil cotistas. 

Mas está apenas no começo, pois o mercado tem muito a crescer por conta de dois fatores: o primeiro é a pujança do agronegócio, que apresentou avanço de 24,31% em 2020 e de 9,8% no primeiro semestre deste ano, muito acima dos outros setores da economia - a perspectiva é de que o ciclo de alta das commodities continue no médio-longo prazo; o segundo impulsionador consiste nas vantagens trazidas por esta modalidade de investimentos. "Por ser um produto isento de IR para pessoa física, o rendimento distribuído pelo gestor é líquido. Também é uma forma de pulverizar os riscos nas carteiras por serem geridos por profissionais que podem diversificar o capital tanto por região quanto por cultura", afirma Ito. A possibilidade de investir em diversos ativos traz aos Fiagros um plus em relação aos CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas). 

Num primeiro momento, a maioria das ofertas é destinada a investidores profissionais por conta da liquidez dos ativos, mas os Fiagros voltados ao público em geral tendem a popularizar os investimentos, como ocorreu no passado com os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliários). "É importante que se tenha em mente que esta é uma aplicação de longo prazo que irá perseguir o pagamento de rendimentos. Portanto, o investidor terá uma renda mensal sobre o aporte, mas não deve comprar buscando uma valorização imediata no mercado secundário", diz. 

Além da expansão do número de Fiagros, de cotistas e do volume de investimentos, outra tendência é a diversificação dos tipos de ativos nas carteiras. "Os fundos lançados no mercado até o momento são praticamente fundos imobiliários Fiagros cuja dinâmica de investimento é muito parecida com a dos FIIs", observa Ito. Já existem no mercado outros focados em direitos creditórios (CRAs). E há ainda outra categoria nos termos da Instrução CVM 578, de Participações. 

Segundo o gestor da MAV Capital, o risco do investimento está relacionado ao crédito dos emissores das dívidas que são compradas pelo fundo e pode ser minimizado através de uma política austera de pulverização. "Não queremos nascer com fundos concentrados. Buscamos a pulverização e garantia adequadas para, no caso de algum stress provocado por inadimplência, o gestor poder reduzir a perda esperada por conta do crédito, executar as garantias. Estes são pilares importantes", recomenda. 

Fonte: Compilance Comunicação

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