Análise de Mercado

Conflito no Oriente Médio afasta perspectiva de redução no preço da gasolina no Brasil

Instabilidade no mercado internacional do petróleo eleva incertezas e adia decisão da Petrobras sobre corte no preço dos combustíveis


Publicado em: 03/10/2024 às 11:15hs

Conflito no Oriente Médio afasta perspectiva de redução no preço da gasolina no Brasil
Foto: Ahmad GHARABLI | AFP

Até a semana passada, o mercado de combustíveis dava como certa uma redução no preço da gasolina vendida pela Petrobras, uma vez que os valores praticados pela estatal apresentavam prêmios elevados em relação às cotações internacionais. No entanto, o agravamento dos conflitos no Oriente Médio alterou esse cenário, gerando incertezas no mercado global de petróleo. Fontes familiarizadas com o assunto afirmam que a Petrobras deve adiar qualquer decisão sobre o tema.

Na última quarta-feira (2), a gasolina nas refinarias da Petrobras era vendida a R$ 0,13 por litro acima da paridade de importação, segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). No caso do diesel, o prêmio era de R$ 0,09 por litro. Em ambos os casos, essa diferença chegou a se aproximar de R$ 0,20 por litro antes da escalada dos conflitos.

Nesta semana, o preço do barril de petróleo Brent, referência internacional negociada em Londres, subiu 3%, alcançando novamente a marca de US$ 74, após uma queda no valor na semana anterior. Analistas preveem grande volatilidade nos próximos dias, dependendo da evolução dos confrontos entre Israel, Irã e Líbano.

Em relatório divulgado também na quarta-feira, especialistas do Goldman Sachs destacaram que os preços estão sensíveis a uma possível redução nas exportações de petróleo do Irã, além de potenciais cortes no fluxo de petróleo pelo Mar Vermelho e a ainda improvável interrupção do comércio pelo Estreito de Ormuz.

Esse aumento nos preços reverte uma tendência de queda, que havia sido impulsionada por um cenário de excesso de capacidade produtiva e expectativas reduzidas quanto ao crescimento da demanda, especialmente da China, que recentemente anunciou um pacote de estímulo econômico.

Diante desse contexto, a Petrobras vinha operando com prêmios elevados em relação às cotações internacionais, o que gerou grande expectativa no mercado sobre uma possível redução nos preços dos combustíveis, principalmente da gasolina.

Na semana passada, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a empresa estava monitorando o cenário e que ajustaria os preços "quando considerarmos apropriado". Chambriard declarou ainda que, se a estatal visse "espaço para uma redução [de preços], vamos reduzir". Naquele mesmo dia, a Petrobras anunciou uma queda de 9,1% no preço do querosene de aviação, produto cujo preço é reajustado mensalmente com base nas cotações internacionais, reforçando as expectativas de uma possível redução no valor da gasolina.

Entretanto, a empresa tem reiterado que sua nova política de preços busca evitar o repasse imediato da volatilidade do mercado internacional ao consumidor brasileiro. Mesmo antes dos ataques entre Israel e Líbano, o diretor de Logística, Comercialização e Produtos da Petrobras, Claudio Schlosser, já havia destacado a grande volatilidade do mercado. Com informações da Folha de São Paulo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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