Análise de Mercado

Cadeia da Mandioca no Brasil Passa por Transformações e Busca Inovação

Crescimento global do amido de mandioca


Publicado em: 15/10/2025 às 11:35hs

Cadeia da Mandioca no Brasil Passa por Transformações e Busca Inovação
Foto: José Fernando Ogura

A cadeia produtiva da mandioca, que inclui a produção de fécula, amidos modificados e farinha, tem passado por mudanças significativas impulsionadas por fatores econômicos, tecnológicos, institucionais e sociais. Segundo Fábio Isaias Felipe, pesquisador do Cepea, dados da FAO mostram que, em 2022, 16% do amido produzido mundialmente veio da mandioca, com crescimento médio anual de 7,4% entre 2010 e 2022.

No mercado internacional, o amido de mandioca é o mais comercializado, impulsionado principalmente pela demanda da China. A perspectiva global, segundo a ONU, é de crescimento populacional contínuo, o que deve elevar a demanda por alimentos processados, incluindo produtos funcionais, abrindo oportunidades para o segmento de amidos, especialmente os derivados da mandioca.

Tendências de uso da mandioca na Ásia e Brasil

Nos principais produtores asiáticos, como Tailândia, Vietnã, Indonésia e Camboja, a mandioca tem sido utilizada também para produção de energia, como etanol. No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE de 2018 mostrou mudanças nos hábitos de consumo: enquanto a farinha registrou queda, houve aumento na demanda por fécula e produtos derivados de conveniência, alinhando-se à tendência global de consumo de alimentos processados.

O setor alimentício continua sendo o maior demandante de mandioca e fécula. Em resposta às mudanças do mercado, a indústria tem diversificado sua produção. Em 2024, o Cepea registrou que quase 40% das fecularias já oferecem produtos além da fécula, sinalizando um avanço rumo à inovação no setor.

Alterações na produção regional brasileira

A produção de mandioca no Brasil também apresenta mudanças regionais. Dados do IBGE indicam que, entre 2002 e 2025 (estimativa), a produção nacional deve ter queda média anual de 1,6%, principalmente no Nordeste. Por outro lado, estados que industrializam a mandioca para produção de amidos e produtos derivados, como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, devem registrar crescimento de 1,4% ao ano, respondendo por cerca de 36,5% da produção nacional.

Esse cenário evidencia a importância da integração entre pesquisa, extensão rural e expansão de mercados. Há espaço significativo para aumentar a produtividade por meio de variedades mais resistentes e processos de produção mais eficientes.

Inovação como motor de competitividade

Especialistas reforçam que a inovação é crucial tanto no campo quanto na indústria. Reduzir custos de produção e minimizar a volatilidade de preços são passos essenciais para tornar a mandioca mais competitiva, principalmente em um modelo agrícola diversificado, no qual a raiz concorre por espaço com outras culturas.

Fonte: Portal do Agronegócio

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