Publicado em: 09/10/2025 às 17:30hs
Um levantamento inédito da ConectarAGRO revelou que apenas 28,26% da área irrigada por pivôs centrais no Brasil possui acesso à internet 4G ou 5G. Entre os equipamentos analisados, apenas 13,55% estão totalmente conectados, evidenciando a disparidade entre a mecanização avançada no campo e a infraestrutura digital disponível.
A tecnologia de pivôs centrais, caracterizada por grandes estruturas metálicas giratórias que distribuem água de forma uniforme em círculos sobre as lavouras, é considerada uma das mais eficientes para o uso racional da água e para a intensificação sustentável da produção agrícola.
Segundo dados da Embrapa, o país conta atualmente com 2,2 milhões de hectares irrigados por pivôs centrais, quase 300 mil hectares a mais do que em 2022, quando a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registraram 1,92 milhão de hectares.
O levantamento indica ainda que o extremo oeste da Bahia se tornou o maior polo de irrigação por pivôs centrais do Brasil, superando o noroeste de Minas Gerais. Entre os estados, Minas Gerais, Bahia e Goiás lideram em área irrigada. Em nível municipal, São Desidério (BA) é o maior em extensão irrigada, seguido por Paracatu e Unaí (MG).
Mais de 70% da irrigação por pivôs centrais está no Cerrado, enquanto o Pantanal ainda não utiliza essa tecnologia.
Apesar de liderar em extensão irrigada, Minas Gerais tem apenas 26,5% da área conectada, sendo que Paracatu e Unaí apresentam índices de 1,5% e 10,4%, respectivamente.
Em Goiás, com 313,4 mil hectares irrigados, apenas 24% estão conectados. O município de Cristalina, destaque do estado, possui 37% de cobertura digital em seus 65 mil hectares irrigados. Já a Bahia, terceira em área irrigada (294,3 mil hectares), apresenta 17% de conectividade, incluindo o polo do Oeste Baiano, com cobertura de apenas 16%.
Em contrapartida, São Paulo apresenta melhor desempenho entre os grandes produtores, com 53,4% de seus 247 mil hectares irrigados conectados.
Os estados nordestinos, apesar de menor representatividade em área, se destacam pela digitalização: Ceará e Paraíba registram 72% e 77% de conectividade, respectivamente. Experiências em polos como Jaguaribe (CE) e Petrolina/Juazeiro (BA/PE) demonstram que é possível aliar irrigação intensiva à digitalização do campo, promovendo inovação, produtividade e sustentabilidade.
Para Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO, a pesquisa deixa claro que a internet no campo deixou de ser um diferencial e se tornou um insumo estratégico, essencial como a água ou os fertilizantes.
“A conectividade rural é a chave para viabilizar a agricultura de precisão, ampliar a eficiência no uso da água, garantir rastreabilidade e abrir novas oportunidades de desenvolvimento social e econômico. Conectar o campo é indispensável para que o Brasil consolide uma agricultura cada vez mais inteligente, sustentável e competitiva”, afirma Campiello.
Fonte: Portal do Agronegócio
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