Publicado em: 28/09/2021 às 11:20hs
Entramos na última semana do mês que, em geral, é carregada de dados sobre o mercado de trabalho.
Um ponto que está claro para nós é que a taxa de desemprego terá uma melhora lenta... pelo bom e pelo mal motivo.
Bom motivo: a vacinação somada à recuperação da economia pós-pandemia vai trazer uma recuperação da força de trabalho. Ou seja, as pessoas voltarão a ter confiança/segurança em procurar emprego novamente.
Mal motivo: se estivermos certo na desaceleração do crescimento do PIB em 2022 (de 5,3% em 2021 para 1,5% no próximo ano), a ocupação também vai perder ímpeto.
Antes, um esclarecimento: a taxa de desemprego mede quantas pessoas seguem desocupadas entre aquelas que estão na força de trabalho, ou seja, incluindo quem efetivamente procura emprego.
Uma fórmula (nem todo economista é de ferro e resiste a uma fórmula!):
Ou seja, o desemprego pode não ser um bom indicador para medir a “sensação térmica” da economia.
O fato de as pessoas desistirem de procurar emprego, por exemplo, fez com que o desemprego durante a pandemia fosse menor
Quando mantemos a força de trabalho igual à média de 2019, por exemplo, chegamos em um “desemprego alternativo” médio de 24,5% no pico da recessão, bem acima do observado de fato.
Isso também vale agora. A volta da procura fará com que a queda do desemprego seja mais lenta.
De qualquer forma, esperamos uma queda a desocupação de 14,5% em 2021 para 13,5% em 2022, ainda acima do pré-pandemia.
Por trás desse número está o forte crescimento do PIB deste ano. O gráfico abaixo traz uma das “leis” econômicas.
É bastante intuitiva: há uma forte correlação entre a variação do desemprego e o avanço do PIB.
Como vemos, um crescimento real do PIB abaixo de ±2% tende a reduzir o emprego, o que justifica a preocupação com o mercado de trabalho em 2022. (Só mais uma fórmula!)
Para terminar, analisamos como essa relação foi mudando ao longo do tempo desde 1999 (como mudou o coeficienteα da equação acima).
Para toda a amostra (1999 a 2020), um avanço de 1% do PIB reduziria o desemprego em 0,2 pontos percentuais (p.p.).
Para uma janela móvel de 4 e 6 anos, o coeficiente foi se fortalecendo até atingir -0,6p.p. e -0,5 p.p., respectivamente, em 2019.
Nossa conjectura é que a reforma trabalhista de 2017 tem papel importante nesse fortalecimento da correlação: as novas regras tornaram o mercado de trabalho mais flexível e, portanto, mais pró-cíclico.
Já em 2020 essa relação voltou a enfraquecer, possivelmente pela aprovação do Benefício Emergencial (BEm), que amorteceu essa pró-ciclicalidade na recessão.
Terminada a garantia provisória, é razoável esperar uma pressão extra sobre a população ocupada a depender do cenário de crescimento esperado pelas empresas.
Fonte: Ideal HKS
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