Análise de Mercado

Relevância de marca no agronegócio: estratégia comercial, fidelização e valor sustentável

Estudo de mercado e práticas aplicadas mostram como a força da marca impulsiona fidelização, margens e previsibilidade no agronegócio brasileiro.


Publicado em: 22/08/2025 às 08:10hs

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Foto: Everton Gardezan, especialista em Comunicação e Marketing no Agro

O agronegócio brasileiro representa cerca de 21% do PIB nacional, podendo alcançar índices ainda maiores se consideradas as atividades da cadeia “além da porteira”, conforme estudo do Itaú com base em dados da CNA e do IBGE. Em meio a esse cenário de alta representatividade econômica, torna-se cada vez mais evidente que o diferencial competitivo não se resume apenas ao desempenho técnico ou ao preço. Marcas que constroem relevância junto aos canais de venda e aos produtores rurais destacam-se ao estabelecer relações duradouras e de confiança.

Fidelizar o cliente deixou de ser apenas uma estratégia comercial e passou a ser um imperativo de crescimento sustentável. De acordo com relatório da SEEDZ (2024), produtores fidelizados compram, em média, 33% mais por ticket e realizam compras com frequência 160% maior do que aqueles não fidelizados. Além disso, aproximadamente 70% dos participantes utilizam os benefícios no mesmo canal em que acumulam pontos, o que reforça a lealdade ao parceiro comercial e amplia a previsibilidade de receita para a empresa.

Nesse contexto, a construção de marca sólida passa a abranger reputação, identidade e confiança. Um exemplo de sucesso é a Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, que lidera o ranking de reputação no agro brasileiro segundo pesquisa da On Global Strategy. Com escore de 83,5 em um universo de 73 mil entrevistados, a instituição consolidou-se como símbolo de credibilidade técnica e científica. Essa conquista reforça o princípio de que reputação não se cria da noite para o dia, mas é fruto de entrega consistente, valor percebido e presença constante nos momentos que importam.

O branding no agronegócio enfrenta desafios únicos. A cadeia produtiva é longa e fragmentada, exigindo integração entre os elos e comunicação consistente em todos os pontos de contato. Ao mesmo tempo, a pressão por rastreabilidade, sustentabilidade e alinhamento com padrões internacionais – especialmente em mercados como Europa e Estados Unidos – impõe uma necessidade urgente de fortalecimento da imagem institucional das empresas brasileiras. A marca, nesse ambiente, torna-se um ativo estratégico com reflexo direto nas margens, nos contratos e no posicionamento global.

Casos práticos mostram como a aplicação de estratégias bem estruturadas pode gerar resultados expressivos. O Clube Agro Brasil, por exemplo, já soma mais de 110 mil produtores cadastrados e registrou aumento superior a 500% nos resgates de pontos entre 2022 e 2023. Além disso, iniciativas de capacitação técnica, oferta de conteúdo qualificado e suporte consultivo tornam a marca uma fonte confiável de conhecimento, o que é essencial em um setor guiado por decisões técnicas e riscos climáticos.

Outro pilar importante está na atuação durante toda a jornada do produtor. Marcas que mantêm presença em momentos-chave, como o planejamento da safra, colheita, eventos regionais ou mudanças climáticas, conseguem consolidar vínculos emocionais e técnicos que ultrapassam a lógica promocional. Soma-se a isso o uso de CRM e inteligência de dados para segmentar e antecipar demandas, elevando a eficiência comercial e a percepção de cuidado personalizado.

Ao analisar os impactos mensuráveis, observa-se que clientes fidelizados geram maior volume de compras e demonstram maior retenção e lealdade. A reputação, por sua vez, constrói uma blindagem institucional e fortalece a autoridade da marca perante o setor, formadores de opinião e o mercado externo. Esses resultados provam que construir marca no agro não é luxo ou perfumaria, mas uma necessidade estratégica. Relevância nasce da presença ativa, da entrega de valor real, da coerência na comunicação e da construção de vínculos autênticos com quem está na ponta.

Empresas que compreendem essa lógica colhem frutos expressivos: margens mais saudáveis, menos dependência de guerra de preços e maior resiliência frente às instabilidades do mercado global. Em um ambiente cada vez mais exigente e competitivo, ser lembrado não basta. É preciso ser preferido, confiado e defendido.

Sobre o Autor

Everton Gardezan é especialista em Marketing e Comunicação com mais de 23 anos de experiência no agronegócio, atuando em empresas líderes nos segmentos de nutrição e saúde animal e equipamentos agrícolas. Com formação em Propaganda e Marketing, técnico em Publicidade e pós-graduação em Marketing e Estratégias Digitais, liderou estratégias de branding, posicionamento e marketing 360º em marcas como ICC, Sanvet, Farmabase e CASP. Sua atuação une visão estratégica, foco em resultados e profundo conhecimento da realidade do campo e dos desafios do mercado agro brasileiro.

Fonte: Texto Comunicação

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