A presença de um pesticida proibido nos sucos de laranja abre espaço para o crescimento do cultivo de outros produtos. Um dos beneficiados é o eucalipto. Segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a plantação de eucalipto cresceu 28,8% na região de Araraquara nos últimos quatro anos. Em 2007, havia 21,7 mil hectares plantados, número que aumentou para 27,9 mil no fim de 2010. O número é referente à área de 16 cidades integrantes do Escritório de Desenvolvimento Rural da cidade.

De acordo com o engenheiro agrônomo Eraldo Antônio Nuncio, diretor do Escritório de Desenvolvimento Rural de Araraquara, o interesse pelo cultivo de eucalipto é motivado justamente por dificuldades encontradas nos pomares de laranja – com doenças como a greening - ou crises no setor sucroalcooleiro, registradas nos últimos anos.

“Não há limitação de área de terra para a plantação do eucalipto, o que facilita o cultivo na região”, afirma. “Além disso, não há dificuldade no comércio, já que há uma demanda crescente no mercado por madeiras que não são de lei”, analisa o engenheiro. A madeira do eucalipto é usada em indústrias de papel e celulose, além de fazer parte da construção civil.

Dinheiro

Para os produtores, o retorno financeiro da plantação de eucalipto é maior que a de outras culturas. "Dá para conseguir bons preços por metro cúbico de madeira. Nos dois anos que colhi, consegui um bom resultado. Estou satisfeito com o retorno obtido", conta o empresário e produtor rural, Fabio César Tamião, que há seis anos dividiu a área em que mantinha pastagens e criação de gado para o cultivo de eucalipto.

Indústria produtora de celulose e papel na cidade de Luís Antônio, próximo a Araraquara, a International Paper diz que mantém 3.630 hectares próprios de floresta, sendo aproximadamente um terço dessa área de reserva permanente. O restante é ocupado por plantações de eucalipto.

Laranja

O suco de laranja produzido no Brasil e exportado para os EUA passará por testes para a averiguação da presença de um fungicida vetado no país. Embora remota, existe a possibilidade de o governo norte-americano suspender as importações. O Brasil é o maior produtor de suco de laranja do mundo, cuja maior parte das fábricas e pomares está no interior paulista – principalmente nas regiões de Araraquara e Ribeirão Preto – e destina aos EUA 15% das suas exportações.

A decisão de colocar o suco brasileiro sob análise foi anunciada no dia 10 pelo FDA, agência que supervisiona os alimentos nos Estados Unidos, depois que uma empresa detectou níveis baixos do pesticida carbendazim no produto.

Em nota, o Ministério da Agricultura disse que a quantidade de fungicida permitida nos pomares brasileiros segue parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde e que o governo não foi notificado sobre os testes.