Publicado em: 11/07/2025 às 18:20hs
A decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros gerou forte preocupação no setor florestal. A medida, anunciada de forma inesperada, foi criticada por representantes da cadeia produtiva, que já enfrentam altos custos e dificuldades logísticas.
Segundo Fabio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), a decisão chegou em um momento inoportuno. “O que torna essa decisão ainda mais complicada é o fator surpresa. Não se esperava que isso fosse anunciado agora, principalmente após uma tarifa semelhante já ter sido aplicada desde o dia 1º de abril”, disse.
Embora os Estados Unidos tenham justificado a taxação com base em um suposto desequilíbrio comercial, Brun afirma que esse argumento não se sustenta.
“Na verdade, o Brasil é deficitário na relação com os Estados Unidos. Então, é difícil encontrar base econômica concreta para justificar essa medida”, argumentou.
Para ele, o motivo da taxação é predominantemente político, o que dificulta soluções técnicas ou comerciais. “A composição para reverter essa situação terá que ser política e diplomática”, reforçou o presidente da APRE.
Com a medida em vigor, o setor corre contra o tempo. Segundo Brun, existe uma janela de 23 dias para o Brasil articular uma solução diplomática e tentar reverter ou amenizar os efeitos da nova tarifa.
“É onde o Brasil vai ter que colocar as fichas agora”, destacou.
Ele também defende que, paralelamente à articulação política, a indústria comece a desenvolver planos alternativos para lidar com possíveis perdas. “Se essa decisão for mantida, o setor vai precisar buscar rapidamente alternativas para reduzir o impacto negativo”, alertou.
A taxação atinge diretamente empresas que exportam produtos florestais com alto valor agregado, como madeira processada, painéis, papel e celulose, com os EUA sendo um dos principais mercados consumidores.
O Paraná é destaque nesse cenário, sendo um dos maiores exportadores brasileiros de madeira para o mercado norte-americano, especialmente de compensado, madeira serrada e molduras de pinus, itens essenciais para o setor de construção civil dos Estados Unidos.
Dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) indicam que cerca de 40% dessa madeira tem origem no estado.
Em 2025, os estados do Sul — Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul — exportaram juntos US$ 1,37 bilhão em produtos de madeira para os EUA, o que representa 86,5% do total nacional exportado pelo setor.
A nova política tarifária compromete diretamente a competitividade das empresas brasileiras, que agora precisam reavaliar estratégias de mercado, custos operacionais e possíveis redirecionamentos de exportações.
Com um setor que movimenta bilhões de reais anualmente e gera milhares de empregos diretos e indiretos, a imposição tarifária representa uma ameaça à estabilidade econômica da indústria florestal brasileira.
A urgência agora recai sobre o governo federal, que precisa agir politicamente para proteger a posição dos produtos florestais no mercado internacional e conter perdas significativas em uma cadeia produtiva estratégica para o país.
Fonte: Portal do Agronegócio
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