O Rabobank compartilhou suas perspectivas para o mercado de celulose em 2024, destacando desafios significativos para a consolidação de uma recuperação nos preços globais. O aumento da oferta, impulsionado pela produção intensificada no quarto trimestre de 2022 e primeiro trimestre de 2023, combinado com uma demanda impactada pelo menor crescimento econômico, delineia um cenário complexo para o próximo ano.

Após atingir preços máximos em 5 anos no final de 2022, a produção global de celulose cresceu consideravelmente nos primeiros meses de 2023, resultando em estoques internacionais substancialmente elevados. A Risi Fastmarkets reportou um aumento de 45% nos estoques acumulados para os vinte maiores países produtores de BHKP, alcançando o equivalente a 61 dias de produção em março de 2023.

Essa disponibilidade excessiva levou a uma queda abrupta nos preços globais da celulose, atingindo os valores mais baixos desde 2020. Os preços na China para a celulose de fibra curta de eucalipto (BHKP) caíram 42% em doze meses, registrando USD 475/ton em maio de 2023 comparado com USD 820/ton em maio de 2022.

Apesar de uma recuperação moderada no segundo semestre de 2023, o aumento da oferta no primeiro semestre de 2024 é previsto, impulsionado pela entrada de nova capacidade, especialmente na América do Sul. No entanto, paradas não programadas continuam elevadas, estimadas em 2,25 milhões de toneladas no acumulado de 2023.

Prevê-se que a demanda global seja testada em 2024, devido a desafios macroeconômicos nas principais economias. O aumento da capacidade de alta eficiência, juntamente com problemas externos como greves e fenômenos climáticos, pode pressionar os produtores, levando a uma possível redução na produção ou mesmo encerramento de algumas fábricas.

O Rabobank destaca que a entrada de nova capacidade em 2024 pode enfrentar um mercado global menos dinâmico, com consumidores sob pressão devido a juros elevados, endividamento crescente e alto custo de vida. A manutenção de estoques internacionais em níveis inferiores aos atuais (42 dias equivalentes) será desafiadora, com a oferta crescendo na América do Sul.

Uma potencial deterioração da demanda em 2024, resultado de desafios macroeconômicos além do esperado, pode pressionar os preços no primeiro semestre. No entanto, os exportadores brasileiros devem se beneficiar do menor custo caixa no mundo e de uma taxa de câmbio ainda competitiva, proporcionando margens favoráveis.

O mercado global de celulose continuará dependendo do dinamismo do setor de papéis tissue, que deve manter-se em expansão nos mercados emergentes e na China. No entanto, o Rabobank destaca a necessidade de monitorar os estoques de celulose dos produtores de tissue na China, que aumentaram no final de 2023, possivelmente resultando em um ritmo reduzido de compras no início de 2024.

No cenário doméstico brasileiro, o consumo de papelão ondulado deve permanecer estável em 2024, enquanto a produção de papel no Brasil, que encerrará 2023 com uma leve queda, pode enfrentar pressões nas exportações devido ao menor crescimento econômico na Europa e na América do Norte, juntamente com preços internacionais menores.