Mercado Florestal

Pesquisa revela que uso da madeira plantada na construção civil poderia mitigar emissão de CO2

Países como Alemanha, França, Japão e Rússia já incentivam o emprego da madeira para diminuir emissão de gás carbônico e consumo de energia do setor


Publicado em: 28/08/2014 às 12:50hs

Pesquisa revela que uso da madeira plantada na construção civil poderia mitigar emissão de CO2

Países como Alemanha, França, Japão e Rússia já incentivam o emprego da madeira para diminuir emissão de gás carbônico e consumo de energia do setor. Trabalho será apresentado no 2º Simpósio Madeira & Construção, dias 28 e 29 de agosto, em Curitiba

Uma tese de doutorado da pesquisadora e arquiteta brasileira Katia R. G. Punhagui, desenvolvida entre a Universitat Politecnica de Catalunya (Barcelona) e a Universidade de São Paulo, revelou que o aumento do uso de madeira de floresta plantada para a construção de habitação poderia diminuir as emissões de CO2 e energia incorporada do setor da construção civil no Brasil.

Uma das razões apontadas para que isso ocorra está no fator da madeira de floresta plantada ser considerada neutra em carbono, pois absorve previamente o carbono que será emitido ao longo do seu ciclo de vida, não variando o balanço final dele na atmosfera. “Dessa forma, se a atual produção de casas de madeira dobrasse em relação ao que se estima que é produzido atualmente, e se fossem construídas exclusivamente com madeira plantada, seria possível diminuir entre 13% e 22% as emissões do setor”, afirma a pesquisadora, que irá apresentar esse e outros resultados desse trabalho durante o 2º Simpósio Madeira & Construção, que acontece no Campus da Indústria da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), nos dias 28 e 29 de agosto.

“Em alguns países, como Alemanha, França, Japão e Rússia, entre outros, o emprego da madeira tem sido incentivado por questões ambientais, como a mitigação das emissões de CO2 e diminuição do consumo de energia do setor construção”, destaca Kátia. Segundo a arquiteta, para saber se esta estratégia poderia ser aplicada no Brasil, primeiro foi necessário conhecer as emissões de dióxido de carbono e a energia incorporada dos produtos de madeira brasileiros destinados à construção civil. “Em complemento, viu-se necessário verificar a aceitação do público consumidor com relação ao emprego da madeira para construção de habitação, bem como os entraves e potencialidades existentes no setor madeireiro frente a um eventual aumento do uso deste material”, acrescenta.

Mudança de cultura

A pesquisa também colocou foco na questão cultural do uso da madeira no Brasil. A arquiteta ressalta que o setor madeireiro deverá encontrar um grande desafio para que o aumento do uso da madeira para construção civil seja possível: a aceitação do público em geral. “Embora alguns entrevistados tenham declarado certa disposição quanto ao uso deste material para a edificação de casas, sua escolha efetiva acaba sendo por outros materiais. Entre as principais preocupações dos consumidores com a madeira estão a durabilidade, manutenção e segurança. Além disso, encontramos uma forte correlação entre a diminuição do uso da madeira e o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), o que poderia sugerir que o uso deste material se relaciona com o poder aquisitivo. Também foi observado que o preço dos materiais de construção influenciou na diminuição do uso da madeira”, pondera.

Portanto, para aumentar o uso da madeira na construção no Brasil será necessário, segundo Kátia, não apenas a aceitação do público, mas incentivo financeiro e fiscal para o setor, melhoramento de infraestrutura para escoamento da produção, desenvolvimento tecnológico, formação de pessoal qualificado, desburocratização e políticas públicas.

Simpósio

Além da apresentação do trabalho da arquiteta, o Simpósio Madeira & Construção, que terá como tema central “Construções Sustentáveis com Madeira de Florestas Plantadas”, vai abordar questões como tecnologia, promoção da construção com madeira, sustentabilidade, normatização de produtos, mercado, entre outros.

O evento é uma promoção da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e Sinduscon-PR.

Mais informações e inscrições: www.expomadeira.com.br

 

Fonte: Interact Comunicação

◄ Leia outras notícias