Publicado em: 07/06/2023 às 11:10hs
Em um momento em que se pensa na sustentabilidade mundial e no combate ao desmatamento ilegal, uma espécie de árvore desponta como uma opção ambientalmente correta, além de reunir diversos atributos e versatilidade, o que amplia, a cada ano, seu uso na indústria moveleira e de construção, e seu interesse entre designers e arquitetos de todo o Brasil.
Este é o mogno africano, que teve seus primeiros plantios há pouco mais de 20 anos no estado do Pará. A madeira das florestas plantadas com sementes oriundas das árvores pioneiras está em fase de primeiros cortes e começa a ser beneficiada. Atualmente, existem mais de 60 mil hectares plantados de mogno africano no Brasil, com as florestas presentes em 12 estados brasileiros e em quase 50 municípios.
Produtores já comercializam a madeira nobre do mogno jovem e outros estão em processo de preparação para o beneficiamento. É o caso de Ricardo Tavares, que tem uma floresta plantada em Pirapora (MG) e preside a Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano (ABPMA).
Na Fazenda Atlântica Agro, de 515 hectares, ele iniciou a fase dos desbastes e viu a necessidade de criar uma empresa, a R3 Mogno, para prosseguir com o beneficiamento desta madeira. Inicialmente, Tavares irá desbastar 210 árvores por hectare.
“O mogno jovem tem que ser beneficiado para ser vendido, ou seja, tem que ser serrado e seco com qualidade. O nosso volume de madeira é grande, por isso, estou montando um centro de beneficiamento para colocarmos o mogno africano no mercado nacional e internacional até o final do ano”, explica Ricardo.
O International Tropical Timber Organization (ITTO), órgão mundialmente conhecido por suas publicações sobre o mercado de madeiras nobres, divulgou em março deste ano uma nota sobre o mogno africano, em que ressalta sua importância no mercado brasileiro.
“O mogno africano cultivado em plantações no Brasil está prestes a mudar o mercado de madeira. O mogno africano representa um alto potencial de investimento para os produtores brasileiros e é uma alternativa ao mogno brasileiro, que está listado como espécie ameaçada de extinção. (...) Estabelecer plantações de mogno não apresenta problemas intransponíveis e as árvores estarão prontas para colheita após 20 anos."
O interesse no mogno africano cresceu no Brasil uma vez que a madeira nobre veio para substituir a espécie brasileira, que está em extinção. A madeira africana preserva as florestas nativas do Brasil e tem se tornado uma alternativa para evitar o corte de outras madeiras nobres que também correm o risco de extinção.
Além disso, o mogno africano possui retorno rápido: a partir dos 12 a 15 anos de plantio, os produtores começam os primeiros desbastes das florestas, e essa madeira, mesmo jovem e com valor inferior ao da madeira adulta, já pode ser beneficiada e encontrar seu mercado. Para a madeira adulta ser aceita amplamente no mercado de madeiras nobres, as florestas levam de 18 a 20 anos. Outras espécies, como os ipês, precisam de 40 anos para chegar ao ponto de corte.
Com vistas a garantir o melhor gerenciamento de todo este processo é que vários produtores, há 12 anos, se reuniram e criaram a Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano (ABPMA). A instituição orienta os associados em todas as etapas, desde o plantio até a comercialização da madeira; incentiva e difunde técnicas e pesquisas; promove seminários, encontros e reuniões para discutir o futuro do mogno africano no Brasil; investe em pesquisas acadêmicas, em parcerias com as maiores universidades do país, para buscar novas técnicas para a produção da espécie; faz a divulgação da madeira para os setores de interesse; entre outros.
Em mais uma ação de divulgação da espécie, a ABPMA realizará um grande evento nacional de 02 a 04 de agosto, em Belém do Pará, aberto a todos produtores do Brasil, associados ou não, a professores e alunos da área de silvicultura e a quem está em busca de informações para iniciar seu investimento no cultivo.
“A ABPMA é um grupo, que trabalha em conjunto, para tornar o Brasil o maior produtor de floresta plantada de mogno africano do mundo. Com uma ótima adaptação no solo do Brasil e pelo grande interesse na plantação criaremos um ciclo de corte versus plantio inesgotável”, afirma o presidente da ABPMA, Ricardo Tavares.
A atividade florestal proporcionada pelo plantio do mogno africano atenua a pressão sobre matas nativas, recupera solos degradados e promove a conservação do solo. Os projetos viabilizam atividades locais, criam oportunidades de renda adicional e auxiliam na fixação do homem no campo.
“Estamos mostrando aos arquitetos, designers e construtores a potencialidade dessa madeira, que é sustentável, ecologicamente correta, bonita, de uma forma diferente como madeira exótica, e plantada aqui dentro, no Brasil, não sofrendo restrição de corte”, afirma a diretora-executiva da ABPMA, Patrícia Fonseca.
Prova do destaque do mogno africano é sua presença em mostras de arquitetura, design e decoração em todo o país nos últimos anos e a presença em grandes premiações. A instalação Siré (Xirê), do designer mineiro Gustavo Greco, acaba de receber um dos maiores prêmios internacionais do segmento, o iF Design Award. A peça exposta na Casacor Minas em 2021 era composta por 515 cobogós de mogno africano, representando elementos da religiosidade africana, ligados à origem da madeira.
“O mogno africano nos pareceu a melhor escolha para dar materialidade à nossa ideia. Foi a primeira vez que trabalhamos com essa matéria-prima e ficamos impressionados com sua resistência e durabilidade. A madeira é conhecida por sua beleza e qualidade, e entre as suas vantagens estão a alta densidade e resistência à umidade, além da sua cor uniforme e atraente, que pode variar do marrom-avermelhado ao marrom-claro”, analisa Greco.
Fonte: Press Comunicação Empresarial
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