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Módulo Tecnoíndia destaca arquitetura sustentável e uso da madeira na Bienal de São Paulo

Projeto mato-grossense une tradição indígena e inovação tecnológica


Publicado em: 03/11/2025 às 13:30hs

Módulo Tecnoíndia destaca arquitetura sustentável e uso da madeira na Bienal de São Paulo

O Módulo Tecnoíndia, projeto que representou Mato Grosso na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, chamou atenção por unir arquitetura sustentável, ancestralidade indígena e tecnologia contemporânea. Inspirado nas casas indígenas brasileiras, o protótipo modular de madeira foi desenvolvido pelo arquiteto e professor da UFMT, José Afonso Portocarrero, com apoio do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem).

O projeto foi exposto no Pavilhão da Oca, no Parque Ibirapuera, como parte da mostra "EXTREMOS: Arquiteturas para um Mundo Quente". A estrutura, com quatro metros de altura e seis metros de largura, combina saberes tradicionais e técnicas construtivas modernas, oferecendo soluções adaptadas ao clima tropical e às demandas urbanas.

Mais de quatro décadas de pesquisa em arquitetura indígena

Portocarrero, que atualmente ocupa o cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano de Cuiabá, explica que o Módulo Tecnoíndia surgiu a partir de mais de 41 anos de estudo sobre habitações indígenas, explorando a sabedoria ancestral e a funcionalidade dessas construções.

“O projeto reconhece o valor das casas indígenas, que têm uma tecnologia própria, onde parede e cobertura são uma única estrutura. Elas funcionam como farmácia, quarto e cozinha ao mesmo tempo, reunindo antropologia, história e arquitetura”, afirma o arquiteto.

Sustentabilidade e conforto térmico como prioridade

O módulo foi desenvolvido dentro do conceito do Sebrae Sustentável, alcançando resultados expressivos em conforto térmico, com redução de até nove graus na temperatura interna, sem depender exclusivamente de sistemas artificiais como ar-condicionado. O design considera ventilação, orientação do terreno e materiais sustentáveis, priorizando eficiência ambiental.

O sistema modular permite montagem e desmontagem simplificadas, podendo ser replicado em escolas, habitações populares, pousadas, aldeias ou situações emergenciais, com baixo custo e alto desempenho térmico.

Colaboração acadêmica e inovação patenteada

A pesquisa contou com a participação do engenheiro Alberto Dalmaso e de estudantes da UFMT, resultando em pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O projeto já recebeu reconhecimento em eventos nacionais, como o Encontro de Arquitetura em Curitiba, e agora ganha destaque internacional na Bienal de São Paulo.

Madeira como ferramenta de descarbonização da construção civil

Portocarrero reforçou o papel estratégico da madeira como material sustentável, destacando que é renovável e captura carbono, ao contrário de aço, alumínio ou concreto. O Cipem, parceiro do projeto, tem apoiado iniciativas que promovem o uso qualificado e responsável da madeira na arquitetura brasileira.

O presidente do Cipem, Ednei Blasius, ressalta que o projeto demonstra os benefícios ambientais e econômicos da madeira, reforçando seu potencial para a transição para uma economia de baixo carbono na construção civil.

Bienal de Arquitetura reforça protagonismo de Mato Grosso

A 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo reuniu mais de 200 projetos de 30 países e 17 estados brasileiros, apresentando soluções criativas para os desafios climáticos e sociais das cidades. A participação de Mato Grosso com o Módulo Tecnoíndia evidencia a capacidade do Estado de integrar tradição, ciência e responsabilidade ambiental, reafirmando o potencial da madeira como protagonista da nova arquitetura brasileira.

Fonte: Portal do Agronegócio

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