A preservação das florestas nativas brasileiras passa, necessariamente, pelo investimento em manejo florestal sustentável e pelo incentivo ao consumo de madeira proveniente de práticas conscientes e responsáveis. Essa foi a mensagem central do sexto episódio do podcast WoodFlow, que foi ao ar nesta segunda-feira, 5 de agosto, e contou com a participação de Deryck Martins, Presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (AIMEX), e Marcelo Wiecheteck, head de Desenvolvimento Estratégico da STCP.

Durante a conversa conduzida por Gustavo Milazzo, CEO da WoodFlow, os convidados exploraram o panorama do mercado de madeiras nativas e tropicais, destacando tanto os desafios quanto as oportunidades que esse segmento oferece.

Mercado de Madeira Tropical

Marcelo Wiecheteck revelou que o mercado internacional de madeira tropical movimenta cerca de 25 bilhões de dólares por ano, sendo o Brasil responsável por uma participação modesta, com exportações em torno de 1 milhão de dólares. Embora o país já tenha ocupado uma posição de destaque, representando mais de 50% desse mercado, o cenário atual reflete a entrada de novos competidores, que ampliaram sua presença nesse setor em expansão.

Deryck Martins complementou explicando que os principais produtos exportados pelo Brasil são madeira para pisos e decks, com os Estados Unidos liderando o ranking de compradores, seguidos pela Europa e Ásia. Contudo, ele ressaltou que apenas 15% a 17% da produção brasileira de madeira tropical é exportada, sendo o mercado interno o maior consumidor desse recurso natural.

Desafios e Oportunidades

Os entrevistados apontaram que, embora o Brasil disponha de ferramentas eficientes para o rastreamento e controle da exploração de madeira tropical e nativa, é necessário avançar na promoção de iniciativas de manejo florestal sustentável para ampliar a participação no mercado internacional.

Deryck Martins destacou que as concessões florestais em áreas públicas estão progredindo, mas há uma necessidade urgente de incentivar o manejo em áreas privadas. Isso não apenas ajuda a manter as florestas em pé, mas também permite a extração sustentável de produtos florestais, madeireiros e não madeireiros.

O manejo florestal em florestas nativas brasileiras opera com práticas rigorosas: em um hectare, que corresponde a um campo de futebol, são retiradas apenas cinco árvores, e para cada espécie retirada, ao menos três exemplares da mesma espécie devem permanecer na área. "Está comprovado que uma floresta manejada se mantém saudável por mais tempo e que o manejo aumenta o estoque de carbono, ao estimular a regeneração com a retirada de árvores maduras", explicou Martins.

Marcelo Wiecheteck acrescentou que, com cerca de 50% do território brasileiro coberto por mata nativa, há uma grande oportunidade para a exploração sustentável dessas florestas, especialmente considerando as incertezas que cercam o abastecimento de madeira exótica, como pinus e eucalipto. "Se o Brasil desenvolver políticas favoráveis à exploração sustentável, poderá conquistar uma fatia significativa do mercado global", afirmou.

Educação e Consumo Consciente: Chaves para a Preservação

O episódio destacou que promover o consumo de madeira oriunda de manejo sustentável é fundamental para incentivar mais iniciativas de exploração consciente das florestas brasileiras. O conhecimento e a conscientização do consumidor são essenciais para barrar o desmatamento e garantir a preservação dessas áreas.

Esses e outros pontos foram discutidos detalhadamente no sexto episódio do podcast WoodFlow, que reforça a importância do manejo florestal sustentável como ferramenta estratégica para a conservação das florestas nativas do Brasil.