Mercado Florestal

Falta de mão de obra e baixa produtividade impactam colheita de eucalipto no Rio Grande do Sul

Regiões gaúchas apresentam diferentes realidades na produção, comercialização e manejo das florestas de eucalipto, com destaque para problemas logísticos e fitossanitários


Publicado em: 14/08/2025 às 16:00hs

Falta de mão de obra e baixa produtividade impactam colheita de eucalipto no Rio Grande do Sul

A produção de eucalipto no Rio Grande do Sul tem enfrentado desafios que variam de acordo com cada região do estado. Segundo o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar, o setor apresenta desde boas condições fitossanitárias até dificuldades com produtividade, comercialização e escassez de mão de obra.

Caxias do Sul mantém bom desempenho fitossanitário

Na região de Caxias do Sul, o cultivo de eucalipto segue em boas condições, com destaque para o avanço das atividades de preparo de áreas, plantios, tratos culturais, colheita, empilhamento e comercialização de toras e lenha.

Os preços da lenha variam conforme a forma de entrega:

  • R$ 120,00 a R$ 200,00 por metro estéreo (mst) empilhado na propriedade;
  • R$ 170,00 a R$ 350,00/mst entregue ao consumidor;
  • R$ 250,00 a R$ 350,00/mst na versão picada.
Baixa produtividade preocupa em Lajeado

Já na região de Lajeado, a produtividade das florestas permanece baixa. O rendimento médio é de 350 mst por hectare em ciclos de sete anos, resultado de plantios em áreas com excesso de umidade ou relevo acidentado.

Os produtores locais optam por cultivares clonadas, como Eucalyptus dunnii, E. saligna e E. grandis. Entre as práticas de manejo realizadas, destacam-se o controle de formigas e a limpeza de plantas invasoras.

A produção da região é majoritariamente destinada ao abastecimento de lenha para serrarias e mercados locais, como o Vale do Caí, Vale do Taquari e a Região Metropolitana.

Queda na comercialização de carvão e falta de mão de obra

O setor de carvão vegetal tem sofrido com a redução na demanda, especialmente em julho, impactando diretamente a comercialização. A falta de mão de obra para a colheita de madeira tem sido apontada como uma das principais dificuldades enfrentadas pelos produtores.

A madeira utilizada na produção de carvão é, em sua maioria, oriunda de áreas locais.

Passo Fundo depende de importação e teme escassez

Em Passo Fundo, a área destinada ao cultivo de eucalipto é reduzida e está atualmente em fase de colheita. Como a região depende da importação de madeira, há uma preocupação crescente com a possível escassez de matéria-prima.

Mesmo assim, os preços médios são considerados vantajosos, com:

  • Madeira para serraria negociada a R$ 300,00/m³ em floresta em pé;
  • Lenha de eucalipto entregue à indústria por R$ 120,00/mst.
Estabilidade na área plantada em Pelotas

De acordo com o Anuário 2024 da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (AGEFLOR), a região de Pelotas possui 95.264 hectares implantados com eucalipto — área que se mantém praticamente inalterada nos últimos anos.

O valor pago ao produtor gira entre R$ 100,00 e R$ 130,00/mst, considerando a madeira empilhada na propriedade.

Algumas empresas atuantes no setor mantêm programas de fomento com foco na expansão das áreas plantadas com eucalipto e outras espécies. Desde 2023, esse movimento tem despertado novo interesse entre os produtores locais.

Preparação para o plantio em Santa Maria

Na região de Santa Maria, os agricultores estão se preparando para o início do plantio com reserva de mudas junto a viveiros florestais. Também são realizadas ações preventivas, como:

  • Controle de formigas;
  • Aplicação de corretivos para acidez do solo;
  • Preparo das áreas para transplante, previsto entre o final de agosto e o início de setembro.

O panorama da produção de eucalipto no Rio Grande do Sul mostra uma cadeia produtiva com realidades distintas entre as regiões, marcada por desafios no campo, pressões comerciais e estratégias de adaptação. A falta de mão de obra e a baixa produtividade em algumas localidades exigem atenção para garantir a sustentabilidade do setor.

Fonte: Portal do Agronegócio

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