Publicado em: 22/08/2024 às 17:00hs
A exploração madeireira no Acre sofreu uma redução significativa entre agosto de 2022 e julho de 2023, registrando uma queda de 60% na área explorada em comparação ao período anterior. Dados divulgados nesta segunda-feira (19) pelo Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex) mostram que 10.359 hectares de floresta foram explorados no último ciclo, representando uma diminuição expressiva em relação aos 25.667 hectares mapeados no ano anterior.
Essa redução, equivalente a cerca de 15 mil hectares, contrasta com o cenário de 2022, quando a exploração madeireira havia mais que dobrado em relação a 2021, atingindo um pico de 25.667 hectares. Em 2023, porém, observou-se uma reversão notável dessa tendência, possivelmente decorrente da retração no mercado consumidor, tanto nacional quanto internacional, além de uma resposta às regulamentações mais rigorosas e à crescente pressão global por práticas mais sustentáveis.
Um estudo realizado pelo Imaflora, com base em dados da plataforma TimberFlow, sugere uma retração no mercado madeireiro, evidenciada pela queda de 8% nas transações de madeira em tora registradas nos sistemas oficiais de controle no mesmo período. Apesar da diminuição na exploração, a atividade permaneceu concentrada em três municípios: Feijó, Rio Branco e Tarauacá. Segundo Júlia Niero Costa, analista de certificação e geotecnologias do Imaflora, Feijó e Rio Branco são os principais polos madeireiros do Acre, e juntos com Tarauacá, responderam por 90% da exploração autorizada no estado.
Feijó, que liderou em 2022 com 9.505 hectares explorados, manteve-se no topo em 2023, embora com uma área menor, de 5.189 hectares. Essa concentração geográfica aponta para desafios locais que demandam políticas públicas específicas para assegurar um desenvolvimento econômico equilibrado com a preservação ambiental.
Em um cenário onde a exploração ilegal de madeira é uma preocupação constante na Amazônia, os dados de 2023 trazem uma notícia positiva: 100% da exploração mapeada no Acre estava devidamente autorizada. Em 2022, embora 98% das atividades também fossem legais, ainda havia 554 hectares de exploração não autorizada, o que indica uma melhora significativa na observância das leis ambientais.
Leonardo Sobral, diretor de Cadeias Florestais do Imaflora, ressalta que essa evolução reforça o papel das autoridades locais no controle rigoroso e responsável dos recursos naturais. A ausência total de atividades ilegais em Terras Indígenas e Unidades de Conservação em 2023 sugere que as estratégias de monitoramento e fiscalização estão sendo eficazes, contrastando positivamente o Acre com outras regiões da Amazônia brasileira, onde a exploração ilegal é um problema recorrente.
Com a queda expressiva na área explorada e uma concentração geográfica cada vez mais clara, o Acre enfrenta um momento decisivo. Buscar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental será crucial nos próximos anos. Para os municípios que lideram essa atividade, o desafio reside em diversificar suas economias e garantir que a exploração madeireira, mesmo que reduzida, continue sendo gerida de forma sustentável e dentro da legalidade.
Fonte: Portal do Agronegócio
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