Publicado em: 16/12/2025 às 09:30hs
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançaram, em Brasília (DF), o projeto “Florestas e Comunidades: Amazônia Viva”, com o objetivo de estimular a produção, o processamento, o transporte e a comercialização de produtos da sociobiodiversidade oriundos de comunidades tradicionais, agricultores familiares, pescadores, ribeirinhos, extrativistas e povos indígenas da Amazônia Legal.
O projeto conta com R$ 96,6 milhões do Fundo Amazônia, que serão aplicados ao longo de dois anos na estruturação de cadeias produtivas sustentáveis e no fortalecimento da economia da floresta.
Com os recursos, o “Amazônia Viva” vai ampliar o acesso dos produtos amazônicos ao mercado consumidor, fortalecer o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e enriquecer o cardápio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) com itens típicos da região, como pirarucu, pescada-amarela, tambaqui, castanha-do-Pará, borracha extrativa, babaçu, mel, cacau e cupuaçu.
Os beneficiários serão agricultores familiares e comunidades dos nove estados da Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. O projeto representa o maior investimento já feito pela Conab na região e é financiado com doações internacionais de países como Noruega, Alemanha, Estados Unidos, Suíça, Japão, Reino Unido, Dinamarca e Irlanda.
Durante o lançamento, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, ressaltou o papel do projeto na valorização da floresta em pé.
“O Governo Federal tem dois compromissos: o ambiental e o social. A floresta em pé gera mais renda do que sua derrubada. O açaí, por exemplo, tem valor dez vezes maior que a pecuária e cinco vezes maior que a soja”, afirmou.
Já o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, destacou que a parceria entre Conab e BNDES é um marco nas políticas ambientais brasileiras.
“O Fundo Amazônia nasceu do esforço para reduzir o desmatamento e beneficiar as comunidades que mais contribuem para isso. A Conab dá um passo decisivo ao transformar essa política em ações concretas”, afirmou.
O presidente da Conab, Edegar Pretto, destacou que o projeto marca um novo ciclo de políticas públicas integradas para a Amazônia.
“Desde o início da nossa gestão, temos priorizado o cuidado com as pessoas da floresta e a inclusão produtiva. O Amazônia Viva reforça o papel da Conab como empresa pública comprometida com o desenvolvimento sustentável e o abastecimento nacional”, afirmou.
Pretto lembrou que 19% do PAA já está concentrado na região Norte, resultado de ações que ampliaram o acesso de produtores às políticas públicas. Ele também citou a participação da Conab na COP 30, a expansão de unidades armazenadoras com energia solar e a rastreamento da origem de produtos brasileiros, iniciando pelo café.
O escopo inicial do “Amazônia Viva” prevê 32 projetos locais, cada um com investimento de até R$ 2,5 milhões, voltados para cooperativas e associações de produtores da floresta. As ações vão financiar máquinas, tecnologias e infraestrutura adaptadas à realidade amazônica — como lanchas para transporte fluvial, silos de armazenamento, câmaras frias e painéis solares.
A Conab também promoverá oficinas remotas para orientar organizações interessadas na elaboração de propostas e garantir ampla participação.
O diretor de Políticas Agrícolas e Informações da Conab, Sílvio Porto, destacou que o projeto foi construído ao longo de dois anos de diálogo com comunidades.
“Queremos colocar essas organizações em outro patamar de desenvolvimento e enfrentar gargalos logísticos que historicamente limitam a produção amazônica”, afirmou.
A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, ressaltou que o Fundo Amazônia é hoje o maior fundo de REDD+ do mundo e que o “Amazônia Viva” marca o início de uma nova etapa.
“Estamos apoiando frentes estratégicas que levem recursos diretamente às comunidades. Queremos tirar os produtos da invisibilidade e dar visibilidade profissional à produção da sociobiodiversidade”, disse Campello.
A secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Lilian Rahal, reforçou a importância das políticas públicas na região:
“Se o Estado não chega com políticas públicas, o desmatamento avança. Projetos como este mostram que é possível gerar renda e preservar o ambiente”, destacou.
Além dos projetos locais, o “Amazônia Viva” vai destinar R$ 16,5 milhões para o aperfeiçoamento de sistemas de informação, estudos sobre cadeias da sociobiodiversidade, melhoria da metodologia de preços mínimos e fortalecimento das regionais da Conab responsáveis pela execução dos programas PAA e Sociobio Mais.
O presidente Edegar Pretto concluiu que a iniciativa simboliza um modelo de desenvolvimento baseado na conservação ambiental.
“O Amazônia Viva mostra que é possível gerar renda para quem protege a floresta, garantir segurança alimentar e construir um futuro sustentável”, afirmou.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias