Publicado em: 23/12/2024 às 09:30hs
O relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre soja, divulgado em dezembro, apontou uma perspectiva neutra, com poucas alterações nos números globais. A produção de soja nos Estados Unidos e no Brasil foi mantida em 124,1 milhões e 169 milhões de toneladas, respectivamente, enquanto a produção argentina teve um aumento para 52 milhões de toneladas. Segundo Luiz Fernando Roque, coordenador de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, a safra recorde na América do Sul, especialmente no Brasil, e uma safra quase recorde nos Estados Unidos devem resultar na maior produção mundial já registrada, pressionando os preços na Bolsa de Chicago nas próximas semanas.
O plantio da safra brasileira de soja já está praticamente concluído, com apenas algumas áreas no Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e no Norte e Nordeste (Maranhão, Piauí e Tocantins) ainda em andamento. O ritmo de plantio está superior à média histórica, compensando os atrasos ocorridos nos meses de setembro e outubro. As primeiras colheitas são esperadas para janeiro, no Paraná, e fevereiro em outras regiões, como Mato Grosso e estados do Centro-Oeste e Sudeste. Caso o clima continue favorável, a expectativa é de uma safra recorde, superior a 170 milhões de toneladas.
Em novembro, o esmagamento de soja nos Estados Unidos foi de 193,185 milhões de bushels, volume abaixo das expectativas de mercado, mas ainda assim o maior já registrado para o mês, representando um aumento de 2,2% em relação a novembro de 2023. A capacidade de esmagamento nos EUA tem crescido devido à forte demanda por óleo vegetal para biocombustíveis. Apesar da queda em novembro, a demanda permanece robusta, e a previsão é de que o esmagamento anual de soja nos EUA seja o maior da história, com estimativa de 65,589 milhões de toneladas esmagadas entre setembro de 2024 e agosto de 2025.
Os contratos futuros de soja na Chicago Board of Trade (CBOT) enfrentaram fortes perdas na última semana, pressionados pela expectativa de uma safra recorde na América do Sul e pela fraqueza do real frente ao dólar, o que diminui a competitividade do produto norte-americano no mercado internacional. A posição spot (janeiro/2025) caiu para US$ 9,5025, encerrando a US$ 9,5175, o menor valor registrado nos últimos quatro anos. Apesar de uma redução nas posições vendidas pelos fundos especuladores em 11 mil contratos, é esperado um aumento nas vendas nos próximos relatórios COT, refletindo o sentimento de queda no mercado.
O relatório de vendas de exportação dos EUA indicou que 486 mil toneladas de óleo de soja foram exportadas, número ligeiramente abaixo das 499 mil toneladas registradas anteriormente. Contudo, as exportações de óleo de soja deste ano estão superando os níveis dos últimos cinco anos, com os EUA possivelmente estabelecendo um novo recorde de exportações na campanha atual. Os fundos reduziram sua posição vendida em óleo de soja de 29 mil para 14,6 mil contratos, indicando uma postura ainda "baixista", mas com menor exposição. Durante esse período, os preços do óleo de soja subiram 1%. Com a queda recente nos preços, espera-se um aumento na posição vendida dos fundos nos próximos relatórios COT, devido à safra recorde esperada no Brasil e nos EUA.
Os preços do óleo de palma seguiram a tendência de queda observada no óleo de soja, com uma perda de 4%. Isso fez com que o óleo de palma se tornasse mais barato do que os preços futuros do óleo de soja na Bolsa de Dalian, embora ainda estivesse acima dos preços de Chicago. Além disso, o governo dos Estados Unidos anunciou um plano para permitir a venda de gasolina com maior teor de etanol (E15) durante todo o ano, o que deve aumentar o consumo de milho e impactar a demanda por soja, pressionando os preços do óleo de soja.
Na Europa, há preocupações com a demanda por óleos vegetais em função da mistura de etanol E15. A Indonésia, por sua vez, implementará uma nova política de mistura de óleo de palma, aumentando a mistura de 35% para 40% e elevando a exportação de óleo de palma bruto de 7,5% para 10%, com o objetivo de financiar subsídios ao biodiesel.
Fonte: Portal do Agronegócio
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