Publicado em: 03/06/2025 às 16:00hs
A canola, tradicionalmente utilizada para produção de óleo vegetal e ração animal, começa a assumir papel importante no segmento de combustíveis renováveis, especialmente na aviação. Essa nova perspectiva ganha força diante do compromisso global de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2030, exigindo alternativas sustentáveis para o setor aéreo.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 2024, o Brasil registrou mais de 925 mil decolagens domésticas e internacionais, transportando mais de 118 milhões de passageiros — o segundo maior número da história. Contudo, o setor aéreo é responsável por cerca de 3,5% das emissões globais de CO2, número que tende a crescer caso não sejam adotadas medidas sustentáveis.
Diante desse cenário, o desenvolvimento do Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês) surge como alternativa para reduzir significativamente as emissões. Produzido a partir de fontes renováveis, o SAF pode diminuir as emissões de CO2 entre 70% e 90% em comparação ao querosene tradicional usado na aviação.
Entre as opções para produção de SAF no Brasil, a canola se destaca pela sua versatilidade. Além de óleo e ração, pode ser utilizada como biocombustível. “A canola é uma boa solução nesse sentido, contribuindo diretamente para a sustentabilidade do planeta”, afirma José Geraldo Mendes, engenheiro agrônomo e responsável pela área de supply chain da Advanta Seeds.
A Advanta Seeds, empresa especializada em melhoramento genético, anunciou a produção 100% nacional de sementes de canola, sendo a primeira no Brasil a produzir híbridos dessa cultura e sementes básicas (parentais). Segundo Mendes, essa iniciativa resolve um problema histórico de disponibilidade, já que antes as sementes importadas chegavam fora da janela ideal de plantio, comprometendo a produtividade.
Além disso, a produção local reduz custos e garante volume e qualidade alinhados às necessidades dos produtores brasileiros. A Advanta já possui forte atuação com canola na Austrália, Argentina e Chile, e agora amplia seu foco para desenvolver sementes adaptadas ao clima e à agricultura do Brasil.
A canola, planta oleaginosa da família das crucíferas, também é usada em sistemas de rotação de culturas, beneficiando plantações subsequentes de milho, soja e trigo. Tradicionalmente cultivada no Sul do Brasil, a cultura começa a avançar para outras regiões graças às novas tecnologias e híbridos adaptados.
Na região do entorno de Brasília, por exemplo, a Embrapa desenvolve um projeto para tropicalizar a canola, tornando-a adequada para o clima do Cerrado. “Esse é um trabalho contínuo de melhoramento genético para selecionar as variedades com melhor desempenho. A cadeia produtiva acompanha esse movimento, apostando no grande potencial de crescimento da canola em solo brasileiro”, finaliza Mendes.
Fonte: Portal do Agronegócio
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