Publicado em: 17/07/2014 às 12:40hs
O Brasil subiu do 12º para o 10º lugar no “Renewable Energy Country Attractiveness Index” (Recai), após a decisão do governo federal de incentivar, a partir deste ano, a construção de usinas solares no país.
A indústria eólica já se consolidou no mercado brasileiro, que incentivou a instalação de aerogeradores a partir de 2003, logo após a crise e o racionamento de energia elétrica em 2001. A indústria solar, porém, ainda é marginal no Brasil. Os elevados custos dos painéis e a falta de fabricantes locais de equipamentos, que hoje são produzidos em larga escala na China, sempre emperraram os investimentos.
Mas esse cenário começa a mudar. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), braço de planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), começará a oferecer neste ano contratos específicos de energia solar nos leilões de novos empreendimentos de geração. Em seu relatório, a EY afirma que, em termos de atratividade para investidores em energias renováveis, o Brasil é o lugar mais “quente” do mundo neste momento. Depois vêm o Quênia e a África do Sul.
“A instalação de parques solares é rápida e poderia ajudar o Brasil neste momento de seca” afirma Mário Lima, diretor executivo de consultoria em sustentabilidade da EY, citando a crise provocada pela queda nos reservatórios das hidrelétricas. A eólica é uma fonte mais econômica, com custos mais baixos, mas a solar exige menos tempo de instalação, compara o executivo.
No ranking da EY, por exemplo, o Brasil já figura em 7º lugar em atratividade para investimentos em parques eólicos construídos em terra – o país cai para a 26ª posição na exploração de parques eólicos marítimos, que são mais comuns nos Estados Unidos, China e Alemanha.
O Brasil ocupa a 10ª colocação em investimentos em usinas termossolares e a 15ª posição em usinas solares fotovoltaicas.
Segundo Lima, o mercado brasileiro poderia se beneficiar dos pesados investimentos feitos pela China no segmento de energia solar, o que vai manter a tendência de queda nos custos dos equipamentos. Hoje, todas as usinas solares do planeta possuem uma capacidade instalada de 50 GW. “Em 2018, a China pretende atingir sozinha 75 GW de potência instalada em energia solar”, diz Lima.
A China é altamente dependente de térmicas a carvão e está investindo em fontes alternativas de energia para reduzir suas emissões de CO2, afirma o executivo da EY. Os índices de poluição são alarmantes em algumas cidades chinesas.
O Brasil, porém, precisa solucionar alguns gargalos para que a indústria solar se desenvolva. Um deles, diz Lima, é a exigência de um elevado conteúdo local para a concessão de financiamentos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que oferece crédito para os fabricantes de equipamentos por meio da linha Finane.
Normalmente, 70% dos recursos investidos pelos empreendedores nos projetos de geração de energia são alavancados. Mas, para conceder empréstimos, o BNDES obriga que 60% dos equipamentos sejam fabricados localmente.
Segundo Lima, há expectativas no setor de que a exigência de conteúdo local seja reduzida numa primeira fase, para atrair fabricantes de equipamentos de energia solar para o mercado brasileiro. O percentual, segundo ele, poderia ser reduzido para 20%. Essas medidas estão sendo discutidas com o governo brasileiro, mas não há ainda uma “clareza” de como essa política será implementada, afirma Lima. Segundo ele, uma das hipóteses debatidas seria a criação de uma linha de Finame específica para o setor solar.
“A energia solar é uma indústria de inovação e seria interessante para o Brasil desenvolver esse tipo de tecnologia”, diz Lima, ao ressaltar que só a Weg, por exemplo, fabrica inversores no país. Em sua avaliação, o modelo que o Brasil criou para a eólica é bem-sucedido e poderia ser usado para a solar.
Em energia solar, o Brasil fica bem atrás do Chile, país que ocupa o 13º lugar no índice global da EY. Na utilização de energia solar concentrada (CSP), tecnologia também conhecida como termossolar, os chilenos já estão em segundo lugar no ranking mundial, com a construção de usinas no deserto do Atacama.
A diferença, porém, é que a economia chilena é mais aberta à importação que a brasileira, o que facilita os investimentos em projetos solares. “No Chile, os investimentos são puxados pelo setor de mineração, que consome muita energia. Pode-se criar sinergias interessantes entre os projetos”, afirma Lima, lembrando que o Brasil também possui uma indústria de mineração desenvolvida.
Fonte: Idea Online
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