Publicado em: 02/09/2025 às 13:30hs
A borra de café, antes descartada, passa a ter um novo destino no Brasil: a produção de biometano, combustível renovável capaz de substituir o gás natural em processos industriais. O projeto, que acaba de entrar em operação, terá sua primeira aplicação na planta da Nestlé em Araçatuba (SP), representando um avanço significativo na agenda de descarbonização do setor industrial.
Segundo a empresa responsável, a iniciativa pretende processar entre 750 e 850 toneladas de borra por ano, evitando a emissão de aproximadamente 857 toneladas de CO₂, tanto pela substituição de combustíveis fósseis quanto pela prevenção da liberação de metano durante a decomposição dos resíduos em aterros.
O projeto adota um modelo de economia circular: as cápsulas usadas são transportadas por veículos elétricos até o centro de reciclagem em Valinhos (SP), onde os resíduos são separados. O alumínio é enviado à indústria metalúrgica, enquanto a borra segue para a Crivellaro Ambiental, parceira técnica com mais de 60 anos de experiência em gestão de resíduos.
“O biometano é mais do que uma alternativa energética. Ele simboliza uma cadeia que repensa o pós-consumo com responsabilidade ambiental e inovação”, afirma Mariana Marcussi, diretora de Sustentabilidade da empresa.
A rede de coleta cobre 100% do território nacional, contando com mais de 400 pontos físicos e logística reversa gratuita via Correios. Paralelamente, cápsulas são reaproveitadas em projetos de design circular, incluindo cenografias e embalagens em parceria com marcas como a Natura.
A operação faz parte de uma estratégia ESG mais ampla, que envolve suporte técnico a cafeicultores por meio do Programa AAA de Qualidade Sustentável™ e a certificação como empresa B Corp™. Em 2024, os investimentos globais em circularidade ultrapassaram CHF 84 milhões.
A meta é alcançar 60% de reciclagem até 2030, em um setor que já opera com 100% de energia elétrica renovável em suas fábricas.
“Transformar resíduos em energia é um passo decisivo para um agronegócio mais limpo e eficiente. Mostra como o setor pode liderar soluções sustentáveis do campo à indústria”, reforça Marcussi.
Fonte: Portal do Agronegócio
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