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Biometano anima Adecoagro e vira nova linha de negócios

Companhia amplia capacidade de produção em suas instalações e abre operação para oferecer tecnologia de biodigestão para clientes do campo e da cidade


Publicado em: 16/05/2023 às 16:40hs

Biometano anima Adecoagro e vira nova linha de negócios

A Adecoagro tomou gosto pelo biometano. Depois de começar a gerar o gás renovável a partir dos resíduos de sua operação de cana no Brasil, a companhia está expandindo sua produção no país, ampliando a geração de biogás dos dejetos de suas vacas na Argentina e até decidiu criar uma nova linha de negócios de venda de soluções tecnológicas de produção de biometano para qualquer cliente interessado - seja do campo, seja da cidade.

Esta última tacada abre um novo flanco de operações para a companhia, que já atua no setor sucroenergético no Brasil com duas usinas em Mato Grosso do Sul e uma em Minas Gerais, no cultivo de grãos na Argentina e no Uruguai e na produção de leite e arroz na Argentina. O novo negócio é fruto da compra, no ano passado, da Methanum, empresa que foi criada em 2010 para desenvolver o primeiro biodigestor da empresa.

O novo negócio de biometano já nasce com uma patente da tecnologia desenvolvida para a produção e purificação do renovável na usina de Ivinhema (MS). O foco principal do negócio deve ser a clientela do setor sucroenergético, que tem o maior potencial de produção de biometano do país. Mas a nova empresa também oferecerá tecnologia para gerar biometano de rejeitos animais e de aterros sanitários.

A estratégia da Adecoagro é apoiar-se e surfar no crescimento esperado para a produção do biometano no país, que hoje não chega a 3% de seu potencial. Na visão da companhia, não apenas há potencial como existe um cenário favorável para investimentos no gás renovável.

“Achamos que a demanda vai crescer bastante com a transição energética. Tem poucas tecnologias consolidadas hoje que funcionam com vinhaça e torta de filtro [resíduo do tratamento do caldo de cana]. Achamos que existe espaço e condições para colocar a empresa no mercado”, afirma Renato Junqueira Santos Pereira, vice-presidente de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro.

“Um diferencial é que a empresa tem conhecimento de diferentes tecnologias e para [diferentes] substratos. É difícil achar uma empresa hoje que tenha tecnologia para os três segmentos”, acrescenta Luis Felipe Colturato, diretor da companhia.

Também há uma longa estrada a ser trilhada na produção de biometano dentro de casa. Com a estabilização do biodigestor em Ivinhema, alcançada neste ano, a Adecoagro decidiu já partir para uma duplicação do projeto, com investimento de R$ 15 milhões.

Atualmente, o biodigestor em operação, que trabalha com a vinhaça que sai da produção de etanol, gera 6,6 milhões de metros cúbicos do gás por dia, e passará a produzir o dobro no fim do segundo semestre, quando a expansão estiver concluída. O volume do gás será capaz de substituir o consumo anual de 4,3 milhões de litros diesel em sua frota própria de veículos.

Mesmo com o investimento em curso, ainda há muito potencial estagnado no campo. Com a conclusão do segundo biodigestor, apenas 5% de toda a vinhaça produzida no polo de usinas de Mato Grosso do Sul será aproveitada. Se todo o volume do rejeito do polo fosse aproveitado, a Adecoagro abasteceria 32 biodigestores, o que garantiria a produção de 64 milhões de metros cúbicos diários. Isso permitiria à companhia substituir todo o diesel de sua frota, de 50 milhões de litros, e ainda sobraria gás para vender ao mercado.

Porém, substituir todo o diesel por biometano não depende apenas da disponibilidade de combustível. Ainda existem muitos veículos e máquinas que não conseguem rodar a biometano com a mesma potência do que com diesel. Por enquanto, a Adecoagro está movendo 14 de seus veículos a 40% de biometano. Inicialmente, a aplicação será em veículos leves e caminhões canavieiros. Os resultados ainda serão avaliados. “Até agora, estamos satisfeitos com os resultados”, afirma Junqueira.

Na Argentina, a Adecoagro está investindo na ampliação da biodigestão das 72 mil toneladas de dejetos que suas 15 mil vacas leiteiras geram todos os anos. Com tecnologia própria, a unidade já cogera 2 mil megawatts-hora (MWh) a partir do biogás. A expansão que está em andamento elevará a capacidade para 3,4 mil MWh.

Fonte: Grupo Idea

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