Outros

Biomassa dedicada e a sustentabilidade do setor sucroalcooleiro

O ano de 2014 tem sido agitado para o setor sucroenergético. As usinas e indústrias assistiram o desenrolar de novidades positivas como as apostas recentes na produção de etanol 2G no Brasil


Publicado em: 24/09/2014 às 08:10hs

Biomassa dedicada e a sustentabilidade do setor sucroalcooleiro

O ano de 2014 tem sido agitado para o setor sucroenergético. As usinas e indústrias assistiram o desenrolar de novidades positivas como as apostas recentes na produção de etanol 2G no Brasil, com previsões de produção de cerca de 130 milhões de litros no Brasil, em 2015, segundo o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; e outras negativas, como a estiagem que fez algumas usinas do Centro-Sul do país anunciarem o encerramento de sua moagem entre outubro e novembro.

Números da Datagro estimam que a safra 2014/2015 apresentará queda de 6% na moagem de cana de açúcar em relação à de 2013/2014, o que resultará em menos bagaço para a produção de energia ou de etanol celulósico.

A demanda por biomassa, no entanto, continua crescendo, assim como sua aplicação na geração de energia elétrica e térmica e na produção de combustível. Para aproveitar as oportunidades surgindo a partir deste cenário será necessário às usinas apostarem em fontes complementares de matéria-prima não residuais.

Neste contexto, a biomassa dedicada, cultura desenvolvida com o objetivo específico de aumentar a disponibilidade de matéria-prima em escala industrial, pode auxiliar às usinas a em sua produção de biomassa, garantindo renda extra na longa entressafra que se anuncia.

Alguns produtores já apostam em uma nova cultura, dedicada exclusivamente a esta finalidade: o sorgo.

Registrado ano passado como Palo Alto no Ministério da Agricultura, o primeiro sorgo com finalidade específica de cultivo de biomassa dedicada é uma cultura de ciclo explosivo, que atinge o ponto de colheita e queima eficiente em caldeiras entre 120 e 140 dias, fornecendo excelente rendimento por hectare. Exigindo menos água e oferecendo mais resistência ao calor do que outras espécies utilizadas de biomassa, como eucalipto e cana-de-açúcar, o híbrido de sorgo pode ser plantado na entressafra da cana, tornando-se uma fonte de matéria-prima renovável para produção de energia e etanol a preço competitivo. “A biomassa dedicada, alinhada a um planejamento de plantio e colheita, oferece às usinas e indústrias maior disponibilidade de matéria-prima”, diz Tatiana Gonsalves, vice-presidente Comercial da Nexteppe para a América do Sul.

Já o sorgo sacarino Malibu é uma planta de rápido crescimento, que acumula açúcar para produção de etanol de primeira e segunda. Os meses mais quentes do ano proporcionam um ambiente ideal de crescimento para a planta, otimizando seu crescimento com acúmulo de açúcar na fase final do ciclo, representando uma possibilidade de extensão da safra da cana-de açúcar, pronto para oferecer matéria prima logo no início do próximo ciclo.

O setor canavieiro renova entre 12% e 16% de seu canavial todos os anos. Esse número poderá ser maior no contexto atual de crise do setor sucroalcooleiro. Todos os anos, áreas de baixa produtividade de cana-de-açúcar, são liberadas para reforma. Parte deste espaço fica ocioso entre novembro e março, o que representa uma ótima oportunidade para culturas de ciclo rápido, como os sorgos Palo Alto e o Malibu, que possuem aderência ao negócio da usina.

Com alternativas complementares como o sorgo, diversas usinas de açúcar e álcool poderão manter ou até ampliar sua oferta de biomassa e matéria-prima para cogeração ou produção de biocombustíveis ou até mesmo iniciar sua participação nesses mercados, gerando novas fontes de renda para um setor que passa por um momento desafiador e contribuindo para a melhoria da matriz energética brasileira.

Tatiana Gonsalves, vice-presidente Comercial da Nexsteppe para a América do Sul.

 

Fonte: Comuniquesse

◄ Leia outras notícias