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A província argentina de Córdoba tem potencial para expandir a produção de biocombustíveis, que contribuirão para seu desenvolvimento econômico, social e ambiental, indica um estudo do IICA

O documento em formato de livro foi entregue ao governador Juan Schiaretti em um ato público realizado na cidade de Alta Gracia, com a presença de autoridades, legisladores, representantes de câmaras e entidades do setor produtor privado e da academia


Publicado em: 21/06/2022 às 09:40hs

A província argentina de Córdoba tem potencial para expandir a produção de biocombustíveis, que contribuirão para seu desenvolvimento econômico, social e ambiental, indica um estudo do IICA

O desenvolvimento dos biocombustíveis é uma grande oportunidade de desenvolvimento para a província argentina de Córdoba, em um contexto em que se espera um forte aumento de seu consumo nas próximas décadas, em âmbito mundial, para cumprir as metas ambientais. Assim o afirma e justifica o extenso trabalho intitulado “Desenvolvimento bioeconômico pelos biocombustíveis na província de Córdoba: Contribuições para a formulação de um plano para a aplicação da lei provincial de biocombustíveis e bioenergias”, realizado por uma equipe técnica do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

O documento em formato de livro foi entregue ao governador Juan Schiaretti em um ato público realizado na cidade de Alta Gracia, com a presença de autoridades, legisladores, representantes de câmaras e entidades do setor produtor privado e da academia.

Com essa pesquisa, o IICA realiza uma contribuição concreta no âmbito da promulgação, em 2020, da lei provincial de promoção e desenvolvimento para a produção e consumo de biocombustíveis e bioenergias em Córdoba. Essa norma abre oportunidades e desafios para promover o desenvolvimento bioeconômico pelo uso inteligente e massivo dos biocombustíveis líquidos e do biogás. O trabalho oferece recomendações para a elaboração de um plano de desenvolvimento para o êxito da lei e o aproveitamento das oportunidades apresentadas pelo ponto de vista econômico, ambiental e social.

O documento de mais de 250 páginas, com a participação de peritos reconhecidos, indica que o desenvolvimento dos biocombustíveis constitui um importante motor que permite agregar valor ao setor agrícola e diversificar a produção, ao mesmo tempo em que substitui combustíveis fósseis, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa. Para a Argentina, essa é uma das principais oportunidades oferecidas pela bioeconomia, visão que promove a industrialização inteligente a partir do uso de recursos biológicos, convertendo-os em produtos de valor agregado, como bioprodutos, bioenergias e serviços.

“Certamente essa jornada é importante não só para o presente, mas para o futuro de nossa província, de nossa região central e de toda a Argentina”, ressaltou o governador Juan Schiaretti, que recebeu a pesquisa do IICA no contexto do encontro “Córdoba sustentável e biocombustíveis”, uma das iniciativas que a província promove para avançar na migração da frota pública para biocombustíveis e uma nova matriz energética, local e sustentável.

Córdoba, localizada no centro da Argentina, é uma das principais províncias agrícolas do país, destacando-se pela abundante oferta de soja e milho, matérias-primas para a produção de biocombustíveis, tanto biodiesel como bioetanol.

A Argentina é o principal exportador de óleo de soja do mundo, e Córdoba tem 102 empresas de diferentes portes, com uma capacidade instalada para processar 7,3 milhões de toneladas da oleaginosa por ano. No caso do milho, o país se posicionou como o segundo maior exportador em 2020, e Córdoba é a principal produtora, tendo respondido por 36% da produção nacional no ano passado. No plano industrial, Córdoba é líder na elaboração de bioetanol de milho, concentrando 69% da capacidade instalada de produção.

“A capacidade instalada de produção de ambos os biocombustíveis é superavitária, gerando oportunidades de desenvolvimento de novos mercados, tanto no âmbito interno como no externo”, indica o trabalho. Os percentuais de mistura obrigatória dos combustíveis líquidos no âmbito nacional estão fixados atualmente em 12% (no caso do bioetanol) e 5% (no caso do biodiesel), mas podem ser aumentados pela Secretaria de Energia da Nação a qualquer momento. No livro, foram estudadas rotas de ação e experiências semelhantes no Brasil, Suécia, Indonésia, França e Estados Unidos.

O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, participou do ato por um vídeo enviado pela sede central do organismo, na Costa Rica.

“A província de Córdoba tem um excelente posicionamento para a bioeconomia em geral e os biocombustíveis em particular, com foco no bioetanol, no biodiesel e no biogás”, destacou Otero, que acrescentou: “O consumo em maior escala de bioetanol, com misturas superiores a 12% e de mais de 5% em biodiesel, representa uma série de desafios e oportunidades para essa província, sob o ponto de vista social, ambiental e econômico, que se projeta para o país e, quiçá, pelo continente”.

“Esperamos que o trabalho seja de grande utilidade — concluiu — para o futuro que todos, juntos, precisamos construir. No IICA continuamos a servir à província de Córdoba, à Argentina e aos países das Américas para dar contribuições significativas ao desenvolvimento sustentável, competitivo e inclusivo de nosso continente”.

“É altamente viável e recomendável expandir a produção de biocombustíveis líquidos em Córdoba, além do grande potencial para o biogás”, afirmou, por sua vez, Agustín Torroba, Especialista do IICA em Biocombustíveis e Bioenergias e coordenador da pesquisa, que participou de um painel de debate sobre o documento, juntamente com Patrick Addam, Diretor Executivo da Câmara de Bioetanol de Milho, e Gustavo Idígoras, Presidente da Câmara da Indústria de Óleo da República Argentina e do Centro Exportador de Cereais (CIARA-CEC).

“O trabalho demonstra que, pela massificação do consumo dos biocombustíveis líquidos, há um notável potencial para agregar valor na fonte, gerar empregos locais, substituir importações de combustíveis fósseis, gerar desenvolvimento, crescimento e desenvolvimento regional e ampliar os investimentos já existentes”, afirmou Torroba.

O perito acrescentou que os biocombustíveis terão um papel preponderante na descarbonização do setor de transporte no âmbito global, regional e local.