Etanol

Sorgo ganha protagonismo na produção de etanol e fortalece a transição energética no Brasil

A produção de etanol no Brasil vem se diversificando com o avanço de novas matérias-primas


Publicado em: 05/05/2025 às 17:30hs

Sorgo ganha protagonismo na produção de etanol e fortalece a transição energética no Brasil

Entre elas, o sorgo desponta como uma alternativa promissora, principalmente nas regiões que já possuem estrutura consolidada para o processamento de milho. Com destaque para o Centro-Oeste, essa nova fonte de energia renovável se mostra estratégica, tanto pela viabilidade econômica quanto pelos benefícios agronômicos, contribuindo para a sustentabilidade e a eficiência do setor de biocombustíveis.

Produção de biocombustíveis bate recorde no Brasil

Segundo o Anuário 2024 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção nacional de biocombustíveis atingiu um marco histórico. Etanol e biodiesel somaram juntos quase 43 bilhões de litros, reforçando a posição do Brasil como um dos protagonistas globais na transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis. Esse volume recorde é resultado do crescimento consistente do setor e da ampliação das fontes utilizadas na produção.

Sorgo se destaca como alternativa ao milho na produção de etanol

A busca por matérias-primas mais acessíveis impulsiona o uso do sorgo pelas usinas. De acordo com Ana Scavone, engenheira agrônoma e líder de desenvolvimento de novos negócios da Advanta Seeds, o sorgo apresenta rendimento semelhante ao milho na produção de etanol, mas com uma vantagem competitiva: custo reduzido.

Essa característica torna o cereal uma opção atrativa para a indústria, especialmente em momentos de oscilação no preço do milho. A principal diferença, no entanto, está na ausência da produção de óleo durante o processamento do sorgo, o que reduz o valor agregado do coproduto. Ainda assim, a engenheira afirma que há pesquisas em andamento para explorar novas possibilidades de aproveitamento do grão.

Sorgo gera DDG e amplia rentabilidade

Apesar de não produzir óleo, o sorgo gera o DDG (grão seco de destilaria) — um subproduto rico em proteína, muito utilizado na alimentação animal, especialmente para bois, aves e suínos. Isso amplia a rentabilidade da cultura, permitindo que ela deixe de ser uma alternativa secundária para se tornar uma protagonista no setor.

Além disso, o sorgo tem se destacado por sua resiliência agronômica: a planta é mais resistente à escassez hídrica e às altas temperaturas, características comuns em diversas regiões produtoras. Isso se deve à sua estrutura biológica, como o sistema radicular profundo e folhas com cerosidade, que reduzem a perda de água por transpiração.

Brasil já é o terceiro maior produtor mundial de sorgo

Com o crescimento das áreas plantadas nas últimas safras, o Brasil alcançou a terceira posição no ranking mundial de produção de sorgo. Segundo Ana Scavone, o cultivo do grão como segunda safra tem mostrado rentabilidade superior em comparação a sistemas tradicionais.

Esse desempenho é impulsionado por tecnologias como o sorgo Igrowth, desenvolvido pela Advanta Seeds. A inovação permite o controle eficaz de plantas daninhas de folhas estreitas, facilitando o manejo da lavoura e beneficiando a cultura seguinte no sistema produtivo. “Estamos quebrando paradigmas e mostrando como o sorgo pode ser uma cultura altamente produtiva e econômica quando bem manejada”, destacou a especialista.

Usinas se adaptam para processar sorgo

O potencial do sorgo para a produção de biocombustíveis já tem sido reconhecido pelas agroindústrias brasileiras. Usinas que operam com milho precisam de poucas adaptações para também esmagar sorgo. Atualmente, três unidades no país já operam ou estão em fase final de adequação para esse modelo híbrido:

  • Sidrolândia (MS)
  • Balsas (MA)
  • Vale do Araguaia (MT)

A expectativa é de que mais plantas adotem esse modelo nos próximos anos, diante das vantagens produtivas e econômicas oferecidas pelo grão. “Esse é apenas o começo de uma nova fase para o setor de biocombustíveis no Brasil”, conclui Ana Scavone.

Fonte: Portal do Agronegócio

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