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Petróleo impacta custos dos biocombustíveis nos EUA; confira análise da Hedgepoint

Houve uma queda significativa nos preços das principais referências de petróleo, com o WTI sofrendo uma correção de 21% e o óleo de soja caindo 30% no último ano


Publicado em: 27/09/2024 às 12:00hs

Petróleo impacta custos dos biocombustíveis nos EUA; confira análise da Hedgepoint

Nos últimos anos, o uso crescente de combustíveis alternativos, como o etanol e o biodiesel, levou a mudanças significativas no cenário energético nos EUA. “O setor de biodiesel e diesel renovável em expansão gerou uma demanda crescente por matérias-primas. Para atender essa demanda, as importações de gorduras animais e óleos vegetais aumentaram, enquanto o esmagamento de soja nos EUA cresceu para capitalizar as oportunidades apresentadas por esse setor”, diz Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da Hedgepoint Global Markets.

Consequentemente, as flutuações nos preços do petróleo afetam diretamente os contratos futuros de commodities como o óleo de soja. Uma maneira de entender essa dinâmica é examinar a margem BO-HO (óleo de soja – óleo de calefação), que representa a viabilidade econômica da conversão do óleo de soja em biodiesel.

“Em um cenário incerto para as cotações do petróleo, o mercado energético pode impor uma pressão ainda maior de queda nos créditos D4, o que representa desafios adicionais para as refinarias de biocombustíveis dos EUA”, ressalta o analista.

Os preços do óleo de soja estão sob pressão de várias frentes

Embora os fundamentos do óleo vegetal estejam intimamente associados às tendências de produção e consumo, os preços do petróleo desempenham um papel crucial na formação desses mercados, principalmente devido ao seu impacto nos custos de produção. “À medida que o óleo de soja se torna uma matéria-prima de biodiesel mais proeminente, é provável que seu preço se torne mais sensível às flutuações do complexo energético”, aponta.

Ainda de acordo com Victor, nesse contexto, houve uma queda significativa nos preços das principais referências de petróleo. Enquanto o WTI sofreu uma correção de 21% no último ano, o óleo de soja caiu 30% no mesmo período. “Não apenas os preços da energia estão caindo, mas o aumento da oferta de óleo de soja - impulsionado por uma boa safra e condições climáticas favoráveis - também pressionou os preços para baixo”, ressalta.

Apesar dos baixos estoques globais de petróleo bruto, incluindo os dos EUA - que estão nos seus níveis mais baixos em aproximadamente cinco anos, em torno de 417 milhões de barris - a melhora nos estoques de combustível contribuiu para um sentimento de baixa no mercado. 

Atualmente, as posições líquidas não comerciais do Brent e do WTI estão em seus níveis mais baixos dos últimos dois anos, com as posições vendidas excedendo as posições compradas.

 É provável que o spread BO-HO diminua nos próximos meses

Os preços mais baixos do petróleo levaram à redução dos preços dos produtos refinados, como os destilados médios e a gasolina. O óleo para aquecimento, uma referência para o diesel, caiu mais de 30% em relação a 2023. 

“A recente flexibilização da política monetária dos EUA, que surpreendeu parte do mercado com um corte de 50 pontos-base, pode gradualmente dar suporte ao setor manufatureiro, que depende do combustível para atender às demandas logísticas”, observa.

Considerando a ausência de fatores que impulsionem os preços do óleo de soja e o apoio aos preços do óleo para calefação, o spread BO-HO pode diminuir nos próximos meses. 

“À medida que as refinarias dos EUA entram na temporada de manutenção e a demanda por aquecimento aumenta, os preços dos destilados médios provavelmente encontrarão espaço para apreciação, ainda que limitada, no curto prazo, contribuindo para a redução do spread”, acredita o analista.

A queda nos custos do óleo vegetal e o estreitamento da margem BO-HO provavelmente manterão os créditos de biodiesel (D4) abaixo de US$ 0,60 por galão, o que poderá desacelerar os projetos de expansão das refinarias de diesel renovável devido às margens menores para os biocombustíveis. 

“Como se não bastassem as dificuldades do mercado, a possibilidade de uma mudança de governo nos EUA no próximo ano pode impor desafios ainda maiores para os biocombustíveis nos próximos anos”, conclui.

Em resumo, com o WTI prestes a fechar em uma de suas médias mensais mais baixas nos últimos dois anos, aproximando-se de US$ 70 por barril, o mercado de combustíveis (incluindo os biocombustíveis) está sentindo o impacto.

A recente flexibilização da política monetária dos EUA pode dar algum apoio ao setor manufatureiro, que depende de combustível para a logística. No entanto, é provável que o spread BO-HO diminua devido aos preços mais baixos do óleo de soja e ao apoio aos preços do óleo para aquecimento nos próximos meses.

Espera-se que a queda nos custos do óleo vegetal e o estreitamento do spread mantenham os créditos de biodiesel (D4) baixos, o que pode desacelerar a expansão das refinarias de diesel renovável nos EUA.

Fonte: Hedgepoint Global Markets

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