Publicado em: 22/10/2025 às 18:40hs
O mercado internacional de milho tem se mostrado menos atrativo para o Brasil, devido à competitividade do milho norte-americano, resultado de boas safras consecutivas e da desvalorização do dólar. Segundo Raphael Bulascoschi, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, mesmo com a produção recorde de 140 milhões de toneladas em 2025, os produtores brasileiros têm menor interesse no mercado externo diante dos preços mais baixos e da valorização da moeda nacional.
Apesar disso, o ritmo moderado das exportações brasileiras não representa mais um problema significativo como em anos anteriores, devido à crescente demanda interna, especialmente pelo setor de etanol de milho.
O consumo doméstico de milho para produção de etanol tem crescido de forma acelerada. De acordo com projeções da StoneX, o Brasil deve utilizar 22,3 milhões de toneladas de milho em 2025, com expectativa de alcançar 28,3 milhões de toneladas em 2026. A capacidade instalada do setor pode chegar a 53 milhões de toneladas por ano até 2028, impulsionada pela expansão de usinas e novos projetos em implantação.
Bulascoschi destaca que esse crescimento é apoiado por medidas como:
Apesar das supersafras em países como Estados Unidos, Brasil e China, os estoques finais globais de milho para a safra 2025/26 devem ser os mais baixos da última década, mantendo o mercado atento à capacidade de oferta para atender à crescente demanda mundial.
No Brasil, a expectativa para o ciclo 2025/26 é positiva: o plantio da soja em janela ideal favorece o desenvolvimento do milho safrinha em 2026, e os preços domésticos elevados devem estimular a ampliação da área plantada. Contudo, a cultura permanece exposta à estação seca, o que pode gerar volatilidade nos preços.
O crescimento do etanol não se limita ao Brasil. Em Índia, a mistura já alcançou 20% na safra 2024/25, com milho e arroz representando mais da metade da matéria-prima utilizada. Países como Vietnã e Japão avançam na adoção de misturas de 10% de etanol na gasolina, reforçando uma tendência global de maior consumo interno de grãos para biocombustíveis.
Nos Estados Unidos, embora o setor de etanol esteja consolidado, a maior parte da demanda por milho ainda se concentra em exportações e alimentação animal, com previsão de consumo de 154,9 milhões de toneladas para ração em 2025/26, segundo o USDA, embora fatores regionais, como desaceleração de confinamentos na fronteira com o México, possam impactar esses números.
O cenário atual indica que, mesmo com preços internacionais baixos, o mercado brasileiro de milho se mantém sólido, impulsionado pela expansão do etanol e pelo consumo interno crescente. A cultura continua estratégica para a produção de biocombustíveis e alimentação animal, enquanto as exportações tornam-se secundárias diante da valorização do real e do fortalecimento do mercado doméstico.
Perspectivas para Commodities da StoneX
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias