Publicado em: 23/09/2025 às 19:00hs
A produção de etanol de milho na Região Nordeste está prestes a passar por um salto significativo. Com novos projetos entrando em operação, a oferta da região deve crescer em 1,3 bilhão de litros, somando-se aos 2,3 bilhões de litros produzidos anualmente a partir da cana-de-açúcar. O avanço promete reduzir a dependência do Centro-Sul e ampliar o consumo do biocombustível hidratado em estados com menor tradição nesse mercado.
Segundo o CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, a expansão da produção em estados como Maranhão, Bahia, Piauí e Ceará tem potencial para fortalecer a autossuficiência regional. “A partir de outubro, uma nova usina em Balsas dobrará a capacidade do Maranhão, que hoje é de 450 milhões de litros. Na Bahia, a fábrica da Inpasa em Luís Eduardo Magalhães adicionará 400 milhões de litros à oferta”, detalhou o executivo.
Além de etanol, os projetos gerarão grãos secos de destilaria (DDGS) para nutrição animal e outros subprodutos do milho, garantindo mais estabilidade no fornecimento e redução de custos logísticos.
O presidente do Sindalcool, Edmundo Barbosa, destacou que o crescimento do consumo de etanol na Paraíba nos últimos anos superou o de outros estados nordestinos. Segundo ele, a apresentação de Ono evidenciou métricas positivas, mas apontou que a ausência de uma alíquota única entre os estados ainda limita a competitividade do biocombustível.
Martinho Ono reforçou que incentivos governamentais podem estimular a demanda, aproximando os níveis de consumo do Nordeste aos observados em estados produtores consolidados, como São Paulo e Goiás. Dados da SCA Brasil mostram que cerca de 80% das vendas de etanol hidratado no Brasil concentram-se em seis estados — responsáveis por 55% da frota flex nacional — enquanto os demais 21 estados e o Distrito Federal, com 45% dos veículos bicombustíveis, respondem por apenas 20% do consumo total.
Entre 2025 e 2026, o Brasil deve produzir cerca de 10 bilhões de litros de etanol de milho. Projetos em andamento na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de obras no Nordeste e Centro-Oeste, devem somar entre 8 e 10 bilhões de litros nos próximos anos.
Segundo Ono, praticamente toda essa produção adicional precisará ser absorvida pelo mercado interno, já que não há perspectivas concretas de expansão internacional do biocombustível, seja para o combustível sustentável de aviação (SAF) ou para aumento da mistura de etanol anidro na gasolina em outros países.
Outro ponto de atenção é a possível revisão da tarifa de importação do etanol, atualmente em 18% para países fora do Mercosul. A medida tem funcionado como proteção contra a entrada de etanol importado, exceto do Paraguai.
“Caso o governo brasileiro retire essa barreira em negociações diplomáticas com os EUA, o setor terá de reduzir significativamente os preços do biocombustível no mercado nacional para absorver a produção local frente à concorrência externa”, alerta Ono.
Fonte: Portal do Agronegócio
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