Etanol

Expansão do etanol de milho no Brasil exige investimentos em armazenagem

A necessidade de estratégias para armazenamento surge como um dos principais desafios para garantir a continuidade do crescimento do setor


Publicado em: 08/05/2024 às 13:30hs

Expansão do etanol de milho no Brasil exige investimentos em armazenagem

O setor de etanol de milho no Brasil tem registrado um crescimento notável, impulsionado por uma demanda crescente por biocombustíveis e investimentos consistentes. No entanto, apesar do potencial promissor para diversificar a matriz energética do país, a falta de capacidade de armazenagem ameaça desacelerar esse progresso.

Nos últimos cinco anos, a produção de etanol de milho cresceu impressionantes 800%, saltando de 520 milhões de litros na safra 2017/18 para 4,5 bilhões de litros na safra 2022/23, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A tendência de crescimento deve continuar, com projeções apontando que, na safra 2023/24, o etanol de milho representará 19% de todo o etanol consumido no Brasil, conforme a União Nacional do Etanol de Milho (UNEM).

Entretanto, essa expansão enfrenta um obstáculo crucial: a falta de silos para armazenamento. A atual infraestrutura do país é inadequada, com capacidade estática para apenas 14% de uma única safra. As grandes colheitas de soja e milho no ano passado, juntamente com o déficit de armazenagem, causaram prejuízos de aproximadamente R$ 30 bilhões, segundo a COGO Inteligência em Agronegócio.

Em Mato Grosso, principal estado produtor de grãos, a situação é particularmente crítica. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que o déficit de armazenagem na safra 2021/22 foi de 57,1 milhões de toneladas, considerando todas as culturas. Essa carência é especialmente preocupante em regiões como o Centro-Oeste, onde estão localizadas 16 das 18 usinas de etanol de milho do país, com destaque para Mato Grosso, responsável por cerca de 70% da produção.

Além de ser uma fonte de energia renovável, o etanol de milho é reconhecido por gerar co-produtos como óleo e DDG (Distillers Dried Grains), amplamente utilizados na dieta dos bovinos, além de fomentar a produção de florestas plantadas de eucalipto para geração de energia. Entretanto, para manter esse ritmo de crescimento, será necessário encontrar soluções inovadoras para os desafios de armazenamento.

O Grupo Nortène, por exemplo, oferece uma alternativa prática para esse problema com seu sistema de silo-bolsa, que permite armazenamento flexível e móvel. A doutora em agronomia Sueyde de Oliveira Braghin, especialista em inteligência de mercado agro da empresa, destaca que essa tecnologia pode ser utilizada para estocagem tanto em períodos curtos quanto longos, garantindo a qualidade dos grãos para uso posterior. "Esta solução contribui para a eficiência e sustentabilidade da cadeia produtiva do etanol de milho, especialmente nos estados do Centro-Oeste, onde a escassez de armazenamento é uma preocupação constante", explica Braghin.

Apesar dos desafios, o futuro do etanol de milho é promissor. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) projeta a instalação de 11 novas usinas e sete ampliações específicas para fabricação de etanol de milho, o que indica que o setor continuará a crescer.

Para Lalo Malinarich, head de mercado Silox do Grupo Nortène, a energia derivada do etanol de milho tem impacto ambiental menor do que a gasolina, emitindo 30% menos carbono, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). "Com investimentos contínuos e foco na eficiência energética, o etanol de milho pode ser uma peça-chave para um futuro mais sustentável", conclui.

Portanto, à medida que o Brasil busca alternativas energéticas mais sustentáveis, o etanol de milho emerge como uma solução relevante, mas para aproveitar todo o seu potencial, será necessário enfrentar e superar os desafios de armazenagem e infraestrutura.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias