Etanol

Cresce debate sobre etanol de milho no País

As discussões sobre a produção de Etanol a partir do Milho ganharam força em Mato Grosso diante do cenário de superoferta do grão


Publicado em: 08/10/2013 às 11:20hs

Cresce debate sobre etanol de milho no País

Espera-se que em junho de 2014, o estoque final não vendido no estado seja de 4 milhões de toneladas e que o volume estocado no mesmo período chegue a 6,3 milhões de toneladas, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Diante deste cenário, o Imea entende que as usinas em planta flex, utilizando Cana-de-açúcar e Milho para a produção de Etanol, são a opção mais viável em curto prazo para a utilização do Milho, em relação aos valores investidos e o risco. Isso porque as adaptações nas usinas seriam menos custosas e o consumo de material para propulsão das caldeiras seria menor, visto que o bagaço da cana é usado como combustível.

Atualmente, o País se prepara para mais uma grande safra de Milho primeira safra, depois que a última safrinha 2012/2013 (segunda safra) bateu recordes. Com os Estados Unidos recuperando sua produção de Milho, depois da grande quebra no ano passado, o excedente brasileiro será maior.

Esse contexto tem aquecido as discussões sobre a viabilidade da criação de uma matriz de produção de Etanol de Milho no País. Na safra, 2012/2013, o Mato Grosso se tornou o maior produtor nacional do cereal, mesmo cultivando o Milho apenas como opção de safrinha, desbancando o tradicional Paraná. Sozinho, o estado ofertou 40% de toda produção de segunda safra do grão no País.

Mas a iniciativa do uso de usinas flex no Mato Grosso tem à frente barreiras quanto às estruturas das usinas, a formação de um mercado para comercialização dos produtos derivados, o preço pago ao produtor na saca do grão e a falta de subsídios governamentais.

Segundo o Imea, em valores, o investimento para uma Usina de planta flex, utilizando 500 toneladas de Milho por dia, durante 105 dias por ano, seria de R$ 18 milhões. Já para uma Usina de planta full (somente Milho), processando 500 toneladas ao dia, 330 dias por ano, o investimento seria de R$ 45 milhões. Os valores pagos na saca de Milho ao produtor também variam de acordo com o modelo de planta da Usina, a flex poderia pagar R$ 20 na saca, já a full R$ 18.

Ainda segundo o Imea, numa perspectiva de produção em que as oito usinas ativas do Mato Grosso começassem a operar usando 500 toneladas por dia, seriam consumidas pouco mais de 1,3 milhão de toneladas do grão ao ano, o que estaria ainda longe de solucionar o problema, já que o estado produziu quase 22 milhões de toneladas de Milho.

Apoio federal

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (Mapa), Neri Geller, avalia que existe espaço no governo para discutir o apoio à produção de Etanol de Milho, para absorver o excedente de produção do cereal.

Segundo ele, a própria ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, reconhece que existe ambiente para levar adiante a discussão de que o Etanol de Milho não compromete a segurança alimentar.

Geller explicou que a ministra fez a declaração ao comentar a afirmação do senador Blairo Maggi, durante o lançamento oficial do plantio da Soja 2013/2014, em Sinop, Mato Grosso, de que existe forte resistência de alguns setores do governo ao Etanol de Milho, por causa da competição com o uso do cereal para a produção de Ração animal.

Para Geller, o Ministério da Agricultura é favorável ao Etanol de Milho, mas até pouco tempo não conseguia avançar nas discussões para superar as resistências dentro do governo, por causa dos problemas de abastecimento provocados pela Estiagem na Região Sul e forte seca no Nordeste na safra 2012/2013.

Na mesma face do Etanol de Milho, para tornar a produção viável, outros subprodutos provenientes do grão são apontados como possíveis estruturadores da cadeia produtiva, entre eles estão o DDG, sigla em inglês para grãos secos por destilação, usada na alimentação animal, o óleo e o xarope de Milho. Uma opção para as usinas se transformarem em flex.