Publicado em: 22/08/2024 às 12:00hs
O consumo de etanol no Nordeste registrou um crescimento de 5,81% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse aumento reflete uma tendência nacional, conforme discutido no programa "Papo Bio&Petro" da Nortear Energy, transmitido em 26 de julho. O crescimento do mercado de etanol, mesmo em um cenário de entressafra e aumento de preços, demonstra a consolidação do biocombustível no panorama energético brasileiro.
Em nível nacional, o consumo de etanol hidratado, encontrado nos postos de combustíveis, subiu de 23,21% para 33,39% no período analisado, um aumento de 10,18 pontos percentuais. Isso representa um acréscimo de 10.735.380 litros no consumo total de etanol no Brasil.
Geraldo Lucena, consultor do programa "Papo Bio&Petro", ressaltou que o aumento no consumo no Nordeste ocorreu apesar da entressafra, com o abastecimento sendo complementado por estados como Mato Grosso e Goiás. Com o início da moagem nas usinas locais no final de julho e início de agosto, espera-se que a oferta de etanol aumente, possibilitando uma melhoria nos preços em relação aos combustíveis fósseis.
Embora as regiões Sudeste e Centro-Oeste liderem a produção de etanol, o Nordeste ainda enfrenta desafios, como um déficit de aproximadamente 1 bilhão de litros. Lucena destacou que novos investimentos, como o da Inpasa em Balsas, Maranhão, que possui capacidade para processar 1 milhão de toneladas de cereais e produzir 460 milhões de litros de etanol, podem ajudar a reduzir esse déficit.
"O etanol não é apenas uma mercadoria, mas uma indústria vital para o agronegócio, gerando empregos, promovendo a sustentabilidade e representando um produto genuinamente nacional", enfatizou Lucena.
Na Paraíba, a participação do etanol no mercado cresceu de 12,29% para 20,53%, um aumento de 8,24 pontos percentuais entre o primeiro semestre de 2023 e 2024. Edmundo Barbosa, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool na Paraíba (Sindalcool-PB), atribui esse crescimento à crescente conscientização sobre a necessidade de reduzir o uso de combustíveis poluentes e combater o aquecimento global.
Dados recentes indicam que as regiões Sudeste e Centro-Oeste lideram o crescimento na preferência pelo etanol. No Sudeste, a participação aumentou de 33,44% para 45,71%, um crescimento de 12,27 pontos percentuais. No Centro-Oeste, o aumento foi ainda mais expressivo, passando de 34,63% para 48,92%, um acréscimo de 14,29 pontos percentuais.
Em 2023, Mato Grosso do Sul era o estado com a maior proporção de consumo de etanol em relação à gasolina. Entretanto, no primeiro semestre de 2024, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás se destacaram como os estados com maior venda de etanol comparado à gasolina.
Em outra frente de investimento em combustíveis sustentáveis, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) disponibilizarão R$ 6 bilhões para o desenvolvimento de tecnologias e implantação de biorrefinarias no Brasil. Essas biorrefinarias têm como objetivo a produção de combustíveis sustentáveis, como o combustível de aviação sustentável (SAF) e combustíveis para navegação, como parte da estratégia nacional de descarbonização dos transportes.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou a abertura de uma chamada pública para seleção de planos de negócios focados na produção desses combustíveis. Empresas brasileiras que atuam na produção de combustíveis, pesquisa e desenvolvimento tecnológico poderão participar da chamada, isoladamente ou em consórcio, até 31 de outubro de 2024.
Alckmin destacou a importância do Brasil na liderança global na produção de combustíveis sustentáveis, enquanto o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, enfatizou o papel estratégico do país na transição energética do transporte aéreo e marítimo, reforçado pelo histórico protagonismo em biocombustíveis como etanol e biodiesel.
Fonte: Portal do Agronegócio
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