Publicado em: 18/08/2025 às 10:20hs
O Brasil, dono da maior frota de veículos flex do mundo, ainda apresenta grande concentração geográfica no consumo de etanol hidratado. Hoje, 80% do volume comercializado está restrito a apenas seis estados: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul — que juntos possuem 55% da frota flex. Os outros 21 estados e o Distrito Federal, que somam 45% dos veículos bicombustíveis, respondem por apenas 20% do consumo nacional.
Segundo Martinho Seiiti Ono, CEO da SCA Brasil, essa concentração representa tanto um desafio logístico quanto uma oportunidade de crescimento.
“Infraestrutura limitada, preços pouco competitivos frente à gasolina e diferenças tributárias regionais explicam boa parte dessa disparidade. Com a reforma tributária prevista para 2027 e a expansão do etanol de milho, o acesso deve melhorar em todo o país”, destaca.
O executivo participou do painel “Expansão global do etanol”, realizado em Sertãozinho (SP) durante a FenaBio, evento integrante da 31ª Fenasucro & Agrocana. O encontro reuniu líderes do setor para discutir o futuro do biocombustível no Brasil e no exterior.
De acordo com Ono, 78% da frota brasileira é formada por carros flex, mas apenas 24% abastecem com etanol. Essa diferença de 54 pontos percentuais mostra o potencial de expansão: cada 1% de aumento na participação do etanol no ciclo Otto representa 850 mil m³ adicionais de consumo.
Se a participação subisse de 24% para 30%, seriam 5 milhões de litros a mais no mercado.
Estados como São Paulo (42% de participação) e Mato Grosso (acima de 50%) provam que o aumento é possível. Já em outras regiões, o uso não chega a 8%, e muitos postos nem oferecem bombas de etanol.
A reforma tributária e a expansão do etanol de milho são vistas como estratégias-chave para reduzir desigualdades no consumo e ampliar a competitividade frente à gasolina.
“A produção de cana está estagnada há mais de dez anos, mas o milho cresce rapidamente e já chega a estados sem tradição canavieira, reduzindo custos logísticos”, afirma Ono.
Na safra 2024/25, a produção de etanol de cana caiu 2%, para 26,76 bilhões de litros, enquanto a de milho subiu 31%, atingindo 8,19 bilhões de litros, segundo a SCA Brasil. Para 2025/26, a UNEM projeta um recorde de 10 bilhões de litros.
O debate também apontou o potencial do Brasil no cenário internacional, incluindo o uso do etanol na navegação marítima, a produção de combustíveis sustentáveis para aviação (SAFs) e políticas de mistura de renováveis a combustíveis fósseis em outros países.
Para Ono, o Brasil segue como a maior fronteira de expansão do etanol no mundo, e o fortalecimento do mercado interno será essencial para absorver a produção crescente.
Apesar dos avanços regulatórios, como o aumento para 30% de mistura de etanol anidro na gasolina (E30) e a monofasia do imposto federal, Ono acredita que a comunicação com o consumidor ainda é falha.
“Falamos muito sobre os benefícios dos biocombustíveis, mas comunicamos mal. O público precisa conhecer todas as vantagens do etanol”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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