Publicado em: 24/07/2025 às 18:20hs
O Brasil poderá registrar um salto significativo nas importações de etanol entre agosto de 2024 e março de 2026. De acordo com levantamento da consultoria Argus, o volume importado pode ser de cinco a mais de cinco vezes superior ao registrado no mesmo período anterior, impulsionado principalmente pelo aumento da mistura de etanol anidro na gasolina e por um cenário de preços favorável às compras externas.
A expectativa da Argus é que o Brasil importe entre 400 milhões e 800 milhões de litros de etanol nesse intervalo. Grande parte desse volume deverá ser fornecida pelos Estados Unidos, que além de maior produtor global do biocombustível, também são o principal exportador para o mercado brasileiro.
Entre agosto de 2023 e março de 2024, o país importou cerca de 148,3 milhões de litros de etanol, conforme dados do governo compilados pela Argus. A projeção para os próximos meses indica uma média mensal de importações que pode variar de 50 milhões a 100 milhões de litros.
Segundo Maria Ligia Barros, especialista em etanol da Argus, o principal fator por trás dessa expectativa de crescimento é a elevação da mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% — a chamada E30 — a partir de 1º de agosto de 2024. “Esse volume de importação não é visto nesse fluxo há pelo menos quatro anos”, afirmou à agência Reuters.
Com a nova obrigatoriedade, a demanda por etanol anidro deverá crescer, reduzindo a oferta de etanol hidratado no mercado interno. A tendência é que os preços dos dois tipos de etanol sejam sustentados em níveis mais elevados no mercado doméstico. “Esse movimento apoia o preço dos dois tipos de etanol internamente, e o mercado passa a considerar vantajoso importar o produto”, explicou Barros.
No entanto, a especialista alerta que as estimativas foram feitas com base nas condições atuais de mercado e nas tarifas vigentes. Caso o governo dos Estados Unidos leve adiante a proposta de elevar para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, e o Brasil adote medidas retaliatórias, os cálculos precisarão ser reavaliados.
Atualmente, o Brasil aplica uma tarifa de 18% sobre o etanol importado de fora do Mercosul. Já os Estados Unidos cobram 12,5% sobre o produto brasileiro — sendo 2,5% da tarifa base, mais 10% adicionais estabelecidos pelo ex-presidente Donald Trump em abril.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Argus, o Brasil importou, em média, 25 milhões de litros de etanol por mês no primeiro semestre de 2025. Desse total, 64,35% vieram dos EUA, 29,79% da Argentina, 5,83% do Paraguai e 0,02% da Alemanha.
Fonte: Portal do Agronegócio
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