Publicado em: 25/07/2025 às 09:00hs
No Brasil, a soja é a principal matéria-prima para a produção de biodiesel, respondendo por cerca de 74% do óleo utilizado no setor, o equivalente a 7,2 bilhões de metros cúbicos, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já o milho ocupa papel de destaque na produção de etanol, representando cerca de 21% da produção nacional.
Diante da relevância da soja e do milho, cresce a busca por outras fontes renováveis que ampliem as opções para o programa brasileiro de biocombustíveis. O pesquisador da Embrapa Soja, César de Castro, um dos autores do livro Biodiesel no Brasil: Reflexões Sobre o Potencial das Principais Matérias-Primas, destaca a análise da viabilidade e eficiência de diferentes matérias-primas para biodiesel no país.
A obra, que será lançada durante o X Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja 2025, apresenta um estudo detalhado sobre o potencial de cerca de 350 espécies vegetais, entre as quais macaúba, pinhão-manso, nabo forrageiro, colza, girassol, canola, mamona, crambe, tabaco energético e carinata.
Apesar do amplo potencial, a produção de óleo vegetal no Brasil ainda é centrada na soja. Outras culturas, como palma de óleo, algodão, girassol e amendoim, têm participação minoritária no mercado. O algodão e o dendê são citados como matérias-primas secundárias importantes para o atendimento regional da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).
O livro reforça a necessidade de investimentos financeiros e políticas agrícolas para fortalecer o setor, destacando a soja como base da bioenergia brasileira e sua relação com cadeias de outros materiais graxos, como gorduras bovina, suína, de frango e óleo de fritura.
Entre as culturas alternativas avaliadas, camelina e macaúba aparecem como potenciais fontes bioenergéticas. Porém, os pesquisadores enfatizam a importância de priorizar culturas de alta produtividade e elevado teor de óleo, que apresentem baixas emissões de carbono ao longo do ciclo de vida e que sejam compatíveis com práticas sustentáveis de manejo do solo.
Para César de Castro, o aumento da demanda energética, aliado à crescente consciência sobre mudanças climáticas, cria oportunidades para a bioeconomia de fontes renováveis. A bioenergia surge como uma alternativa limpa e sustentável, capaz de diversificar a matriz energética brasileira e contribuir para a mitigação dos impactos ambientais.
A soja é cultivada em aproximadamente 47,5 milhões de hectares no Brasil, sendo sucedida pelo milho em cerca de 21 milhões de hectares, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O país é o maior produtor mundial da soja, com estimativa de 169 milhões de toneladas na safra 2024/2025.
César de Castro ressalta que, apesar das condições favoráveis para expansão de outras culturas, há desafios como o tempo de maturação dos novos projetos, mão de obra, manejo da adubação, colheita e tratos culturais.
Já o milho, com produção estimada de quase 116 milhões de toneladas, tem aumentado sua participação na indústria de etanol, processando 17,3 milhões de toneladas, o que pode torná-lo competitivo em algumas regiões e segmentos do mercado.
Os eventos CBSoja e Mercosoja 2025, que celebram os 50 anos da Embrapa Soja, terão como tema central os “100 anos de soja no Brasil: pilares para o amanhã”. Com expectativa de reunir cerca de 2 mil participantes, o fórum será o maior técnico-científico da cadeia produtiva da soja na América do Sul.
A programação inclui quatro conferências, 15 painéis e mais de 50 palestras com especialistas nacionais e internacionais, além do espaço “Mãos à Obra”, focado em temas práticos como fertilidade do solo, manejo de nematoides, plantas daninhas, bioinsumos e desenvolvimento radicular.
Também serão apresentados 328 trabalhos técnico-científicos e haverá um workshop internacional sobre as perspectivas da biotecnologia na soja para os próximos dez anos, com palestrantes da China, Estados Unidos, Canadá e Brasil.
A produção de biodiesel no Brasil enfrenta o desafio de diversificar suas matérias-primas, mantendo a soja como base sólida enquanto explora outras culturas viáveis. A inovação, o investimento e a sustentabilidade são caminhos essenciais para fortalecer a bioenergia e garantir a segurança energética do país.
Fonte: Portal do Agronegócio
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